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Bradesco diversifica fonte de receita
DA REPORTAGEM LOCAL
Questionado sobre a importância das receitas de serviços para o
resultado dos bancos hoje, Márcio Cypriano, presidente do Bradesco é categórico na resposta:
"Ela é fundamental".
Em entrevista à Folha, Cypriano afirmou que, no caso do Bradesco, as receitas com serviços cobriam cerca de 35% da folha de
pagamentos em 1994. Hoje, são
suficientes para pagar entre 95% e
97% dos salários. O objetivo da
instituição é que esse percentual,
que já chegou a 110% antes da
aquisição do BBV e do Mercantil
de São Paulo, volte a atingir 100%.
Cypriano explica que, no período de inflação alta, antes de 1994,
"as tarifas não eram explícitas".
"As pessoas pagavam as tarifas
sem perceber, porque você tinha
uma inflação muito grande. Qualquer recurso que ficava em conta
corrente, basicamente, já era a remuneração que os bancos tinham
pelos serviços", disse.
Com a estabilidade da economia, a partir de 1994, esse ciclo foi
encerrado. A alternativa encontrada pelos bancos para a perda
dos ganhos com o chamado giro
financeiro foi passar a cobrar por
seus serviços de fato. Surgiram as
tarifas bancárias.
Cypriano, futuro presidente da
Febraban (Federação Brasileira
dos Bancos), diz que hoje a receita
com serviços é a terceira principal
origem de resultado para o Bradesco. Perde ainda para os ganhos
com empréstimos e para os resultados com títulos e valores mobiliários.
Ele discorda que haja baixa
competição no sistema bancário e
que isso abra espaço para grandes
reajustes de tarifas. "A parte de
serviços é muito competitiva. Você tem os concorrentes todos que
estão aí atrás de clientes também,
de prestar serviços. Não adianta
você crescer a tarifa que você vai
ficar fora do mercado."
No caso do Bradesco, ele diz que
não aconteceram reajustes significativos das tarifas bancárias nos
últimos meses. Diz, no entanto,
que o banco decidiu passar a cobrar por serviços que, até dezembro passado, eram gratuitos.
Ele diz que, além de tarifas, produtos como planos de previdência e fundos de investimento têm
se tornado fonte importante de
recursos para o banco.
A expectativa de Cypriano agora é em relação às operações de
empréstimo, que cresceram apenas 4% em 2003. "Esperamos que
a carteira de crédito cresça 25%
neste ano, se o PIB [Produto Interno Bruto] aumentar 3,5%."
De olho em novas aquisições,
Cypriano diz que o Bradesco, que
acaba de comprar o Banco do Estado do Maranhão, estará atento
às próximas privatizações.
"O banco vai continuar comprando. Analisaremos as oportunidades que agreguem interesse
ao investidor", afirmou.
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