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Endividamento cresce 47% em 26 meses
Mais de 15 milhões de clientes de bancos têm dívidas acima de R$ 5.000, aponta cadastro do BC; dado já preocupa o governo
Universo de clientes com alguma dívida, mesmo que pequena, é de 80 milhões; cada consumidor tem, em média, 3 débitos diferentes
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O alongamento dos prazos de
financiamento, principalmente de automóveis, não é a única
preocupação do BC em torno
das operações de crédito de
pessoas físicas. O alerta está
aceso também para o aumento
do endividamento das famílias.
Junto com a expansão do
crédito no país, que já chegou a
R$ 1 trilhão, cresce o número
de clientes de banco com dívidas altas. O Sistema de Informações de Crédito do BC, conhecido pela sigla SCR, mostra
que, em fevereiro deste ano,
15,6 milhões de pessoas tinham
dívidas acima de R$ 5.000.
Na comparação com dezembro de 2005, quando eram 10,6
milhões os clientes de bancos
com dívida maior de R$ 5.000,
houve um crescimento de
47,17%. Em relação a junho do
ano passado, quando 13,5 milhões estavam nessa situação,
houve uma alta de 15,6%.
Os dados do Banco Central
mostram que a dívida das pessoas físicas com os bancos somava R$ 442,4 bilhões em fevereiro deste ano, dos quais R$
146 bilhões (33%) tinham prazo de vencimento em até 180
dias e R$ 74,7 bilhões (16,8%)
venciam em até 360 dias.
Além dos 15,6 milhões de
pessoas com dívidas acima de
R$ 5.000, o SCR registra, sem
detalhamento por operação,
todos os financiamentos. Hoje,
o universo de clientes com alguma dívida, mesmo que pequena, é de 80 milhões.
Os bancos e financeiras têm
acesso a essas informações. O
sistema do BC serve não só para a autoridade monetária
acompanhar o risco do sistema
de crédito, mas também para os
bancos avaliarem o risco da
concessão de empréstimos para clientes que têm operações
em outras instituições.
Na média, cada cliente tem
três dívidas diferentes. Ou seja,
além de financiar a casa e o carro, a maioria das pessoas com
dívidas altas faz outra operação
de crédito, como o consignado,
um empréstimo pessoal ou o
uso do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito.
Segundo o chefe do Departamento de Monitoramento do
Sistema Financeiro e de Gestão
da Informação do Banco Central, Cornélio Pimentel, a entidade não faz cruzamento do tamanho da dívida das famílias
com o rendimento familiar médio. Mas ele afirma acreditar
que o orçamento familiar disponível para pagar financiamentos está próximo do limite.
Mesmo sem o cruzamento
com o rendimento familiar,
chama a atenção o crescimento
de 30,4% nos últimos 12 meses
até fevereiro do uso do rotativo
do cartão de crédito, ou seja,
quando o consumidor não paga
o valor total da fatura no mês.
Essa modalidade de dívida, que
atingiu volume de R$ 15,9 bilhões entre pessoas físicas, aparece em segundo lugar na lista
de financiamentos com maior
taxa de crescimento no último
ano. Os juros do cartão de crédito, com os do cheque especial,
são apontados como os mais altos do mercado e são usados
por pessoas que não têm mais
como pagar as dívidas.
As operações listadas no SCR
mostram que, nos últimos 12
meses até fevereiro, houve
crescimento de 24,1% no volume de financiamento de automóveis e de 25% do crédito para a compra da casa própria. O
crédito consignado aparece em
primeiro lugar, com 31,9%, no
ranking dos empréstimos que
mais crescem. O volume de financiamentos consignados
atingiu R$ 67,5 bilhões.
Pimentel afirma que 95% dos
clientes cadastrados no SCR
são adimplentes, ou seja, pagam em dia as suas obrigações.
Mas é informação confidencial
no Banco Central o risco apresentado pelos clientes em cada
faixa de endividamento.
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