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Receita do FGTS já supera o total registrado em 2007
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O caixa do FGTS (Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço)
acumulou no primeiro semestre do ano uma arrecadação líquida de R$ 3,539 bilhões. O valor supera em 8,8% o montante
recolhido em todo o ano passado. O dado levou o Ministério
do Trabalho a projetar uma receita de mais de R$ 7 bilhões
para este ano.
Caso essa estimativa se confirme, 2008 entrará para a história como o melhor ano para a
arrecadação do FGTS. O recorde atual foi registrado em 2006,
quando a receita líquida do fundo chegou a R$ 6,821 bilhões.
Desde 2003, a arrecadação total do FGTS supera os saques
das contas em R$ 30,5 bilhões.
"Isso é resultado da geração e
da formalização do emprego
decorrente do crescimento da
economia. Neste momento de
bonança, temos que manter o
foco e saber onde investir os recursos", disse à Folha o ministro Carlos Lupi (Trabalho).
De janeiro a junho deste ano,
as empresas recolheram ao
fundo R$ 23,341 bilhões. Já os
saques alcançaram R$ 19,802
bilhões. Isso fez com que a receita líquida atingisse R$ 3,539
bilhões. Quanto mais recursos
acumula, mais o FGTS pode direcionar verbas para investimento em habitação, saneamento e infra-estrutura.
A legislação determina que
as empresas contribuam mensalmente para o FGTS com o
equivalente a 8% do salário do
trabalhador. Nos casos de contratação temporária, o percentual cai para 2%.
Os saques são previstos nas
seguintes situações: compra da
casa própria (primeiro imóvel),
aposentadoria, demissão sem
justa causa, doenças graves e
contas inativas há mais de três
anos sem que o trabalhador tenha retornado ao mercado de
trabalho, entre outras.
Segundo os números apresentados por Lupi, em junho o
patrimônio do FGTS alcançou
a marca de R$ 188,6 bilhões. Os
dados mostram ainda que desde 2003 já foram injetados R$
68 bilhões na economia para
uso exclusivo do setor de habitação popular. Esses recursos
permitiram a construção de
1,723 milhão de moradias para
a população de baixa renda.
Saques
Nos últimos anos, o governo
vinha demonstrando preocupação com a arrecadação líquida do fundo por causa do aumento dos saques. Além de os
trabalhadores estarem aproveitando o boom do mercado
imobiliário para comprar a casa
própria com o saldo de suas
contas no fundo, a elevada rotatividade da mão-de-obra formal vinha provocando altas retiradas do FGTS.
Outro fator que passou a
pressionar o caixa foi uma decisão do Supremo Tribunal Federal de abril do ano passado. O
tribunal decidiu que os aposentados que permanecem no
mercado de trabalho podem sacar o dinheiro do FGTS e, mensalmente, retirar os valores depositados pelas empresas.
Na avaliação do ministro, porém, a efervescência do mercado de trabalho vem garantindo
o crescimento da arrecadação
líquida do fundo. De janeiro a
junho, o número de trabalhadores com carteira assinada ultrapassou 1,36 milhão de postos, um recorde para o período.
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