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Governo cede, e Correios encerram greve
Após 15 dias úteis de paralisação, carteiros obtêm acordo para receberem adicional e não terem os dias parados descontados
Serviços como o Sedex 10
e o Disque-Coleta voltam
a operar, mas trabalhos só deverão ser normalizados em um prazo de 15 dias
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os empregados da ECT (Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos) voltam hoje ao trabalho após 15 dias úteis de greve. Numa demonstração de força, os carteiros mantiveram a
paralisação e conseguiram tirar
do governo o compromisso de
recebimento do adicional de
periculosidade, calculado sobre
30% do salário-base.
Como efeito prático do retorno às atividades, a partir de hoje a população volta a ter acesso
aos serviços de Sedex 10, Sedex
Hoje e Disque-Coleta, que estavam suspensos desde o dia 1º. A
despeito do fim da paralisação,
as encomendas e correspondências ainda poderão registrar atrasos na entrega, porque
serão necessários 15 dias para a
completa normalização dos
serviços.
Segundo os Correios, desde o
início da greve 450 milhões de
correspondências trafegaram
nos centros de distribuição, dos
quais 72% foram entregues.
Nesse mesmo período, 10,9 milhões de encomendas foram
postadas, das quais 97,6% chegaram efetivamente ao destino.
Ontem, no último dia da greve, o movimento ainda dava sinais de força e capacidade de
mobilização. Mesmo após a negociação feita pelo ministro das
Comunicações, Hélio Costa,
21% dos 53 mil carteiros mantiveram os braços cruzados. A
desmobilização somente foi
oficializada após a realização de
assembléias nos sindicatos regionais. Entre as representações, apenas em Belo Horizonte foi registrado voto contrário
ao fim do movimento grevista.
O compromisso de pagamento do adicional de 30% sobre o
salário-base é para 43 mil carteiros que trabalham nas atividades de distribuição e coleta
externa. Outros 16 mil funcionários da empresa receberão
abono mensal de R$ 260.
Um dos acertos para o fim da
paralisação foi o compromisso
do governo de não descontar os
15 dias de paralisação. Em troca
do desconto, os trabalhadores
terão que fazer uma espécie de
banco de horas com o tempo
necessário para normalizar as
entregas. Esse tempo irá variar
conforme a região e a demanda.
O não-desconto dos dias evidencia a dificuldade do governo
de cumprir a legislação referente a greves e corte de ponto
de dias parados. Neste ano, o
governo enfrentou uma série
de greves de servidores e em
nenhum dos casos houve efetivo desconto de dias parados.
O Ministério do Planejamento chegou a fazer ameaças, a
exemplo da greve dos auditores
da Receita Federal, que foi iniciada em 18 de março e somente foi suspensa em 8 de maio.
A mesma política, a de ameaçar punições com corte de ponto, foi feita também para os servidores da Controladoria Geral
da União, para a Advocacia Geral da União, para os técnicos
do Tesouro e para os servidores
das agências reguladoras sem
que efetivamente as advertências se convertessem em medidas inibidoras de greve.
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