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Biodiesel provoca alta no diesel e pressiona inflação
Combustível fica 2,1% mais caro em dois meses
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A exigência do governo federal de elevar o percentual de
biodiesel na mistura do diesel,
em tempos de alta das commodities, fez com que o preço do
combustível subisse 2,1% na
bomba em julho, em comparação com o preço médio de maio.
O reajuste tem efeito cascata na
inflação, porque provoca elevação dos custos do frete e dos
produtos no atacado até chegar
ao varejo. O setor de logística
responde por 76% do consumo
de diesel no país.
Preocupado com o impacto
na inflação, o Ministério da Fazenda monitora a escalada semanal dos preços dos combustíveis de perto. A Folha apurou
que o reajuste do diesel em julho ficou dentro da expectativa
da equipe econômica. Os técnicos da Fazenda projetavam
que, ao aumentar o percentual
obrigatório de biodiesel na
mistura do diesel de 2% para
3%, o reajuste de preços seria
também de 2% a 3%.
A Fazenda esperava, ainda,
reajuste de 11% no diesel de
maio a julho. O reajuste nos últimos três meses foi de 11,6%. O
impacto dessa alta de preços no
IPCA -índice usado no controle da meta de inflação- é de
0,02%. A projeção de aumento
nos últimos três meses inclui o
reajuste de 15% na refinaria,
praticado pela Petrobras em
maio. A variação cai para o consumidor final por causa do desconto da Cide-Combustíveis.
Para um técnico da Fazenda,
o preço do diesel não deve subir mais no segundo semestre.
Ele pondera que a cotação internacional da soja estacionou
e não há projeção de reajustes
abruptos até o fim do ano.
O secretário de Petróleo e
Gás do Ministério de Minas e
Energia, José Lima de Andrade
Neto, não arrisca projeções para o segundo semestre. Ele
lembra que na primeira semana de agosto haverá um leilão
de biodiesel para a fabricação
de diesel do quarto trimestre
do ano. O resultado, segundo
ele, dará uma indicação de como os preços vão se comportar.
Andrade admite que a nova
fórmula da mistura do diesel e
a escalada de preços das commodities pesaram no aumento.
Segundo o presidente do Sindicom (Sindicato das Distribuidoras de Combustível), Alíseo
Vaz, o aumento do preço do
biodiesel foi de cerca de 70%
no leilão para o terceiro trimestre, de R$ 1,80 o litro para
R$ 3,10. "Quase 80% desse reajuste foi culpa do aumento da
soja no período", disse.
Repasse integral
O presidente do sindicato das
distribuidoras lamenta a decisão do governo de aumentar o
uso de biodiesel no diesel neste
momento. Ele disse que as distribuidoras pretendem repassar todo o reajuste para o consumidor final. "Isso afeta principalmente o custo para o caminhoneiro. Não temos como segurar esse custo nas distribuidoras. É tudo repassado."
Vaz também acredita que o
ritmo de aumento de preços registrado desde maio não deverá
se manter. Para ele, o impacto
dos reajustes de commodities e
da mudança na fórmula da mistura já foi inteiramente repassado ao consumidor.
Mais otimista, a ANP (Agência Nacional do Petróleo), responsável pela coleta de preços
dos combustíveis, prevê queda
do diesel até o fim do ano. A
agência rejeita também a justificativa de que as commodities
agrícolas, como a soja, sejam
responsáveis pelo aumento.
"O reajuste no preço do diesel, nas últimas semanas, ainda
é, em parte, reflexo do aumento
de 15% no preço do diesel nas
refinarias, em maio. O impacto
do aumento da mistura de 2%
para 3% do biodiesel no diesel
foi mínimo. A ANP entende que
esse reajuste é transitório e até
o final do ano o preço do diesel
deverá cair um pouco", disse a
ANP, em nota.
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