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PORTA GIRATÓRIA
Bancos exibem com orgulho presença em seus quadros de ex-dirigentes de instituições financeiras federais
Ex-integrantes do governo viram "troféus"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os bancos ostentam com orgulho o fato de terem em seus quadros ex-integrantes do governo.
São exibidos quase como troféus.
No site do Unibanco, por exemplo, o currículo do diretor Daniel
Gleizer destaca o seguinte predicado: "Sua experiência profissional também inclui três anos como
diretor da Área Internacional do
Banco Central do Brasil e membro votante do Copom".
São dois os perfis básicos de
quem passa por funções-chave na
máquina pública: os que primeiro
constroem carreira no governo
para depois migrar para a iniciativa privada e os que deixam postos
em grandes empresas e bancos, ficam um tempo no governo e voltam para o mercado em situação,
em geral, melhor do que estavam
-usam o que se convencionou
chamar em Brasília de porta giratória entre mercado e governo.
O ex-ministro Pedro Malan (Fazenda) está no primeiro grupo.
Depois de 37 anos no setor público, faz carreira na iniciativa privada. Além do Unibanco, integra
também conselhos da Portugal
Telecom Internacional (em Lisboa) e da Globex, controladora da
rede de lojas Ponto Frio.
Armínio Fraga (ex-BC) se enquadra mais no segundo grupo.
Depois de passar pelo Garantia,
ocupou cargo de vice-presidente
da Salomon Brothers em Nova
York, quando foi convidado para
assumir a diretoria de Assuntos
Internacionais do BC, em 91. Em
seguida, comandou o fundo especulativo do megainvestidor americano George Soros, de onde saiu
em 99 para voltar ao BC, como
presidente da instituição.
Em meados do ano passado,
Armínio abriu seu próprio negócio, a Gávea Investimentos. Em
um ano, a empresa tornou-se a segunda maior gestora independente de recursos (não ligada a
banco) do país, com ativos estimados em R$ 2,5 bilhões.
Um caso de uso da porta giratória é Francisco Gros. Nos anos 70,
foi diretor da Multiplic Corretora.
Em 1980, assumiu uma diretoria
da CVM (Comissão de Valores
Mobiliários). De 1981 a 1985, comandou a área de mercado de capitais do Unibanco. Depois, foi
para o BNDES, onde foi vice-presidente da BNDESpar. Presidiu o
BC duas vezes: em 1987 e de 1991 a
1992. Saiu do BC e foi para o Morgan Stanley Dean Witter, em 1993.
Em 2000, passou a presidir o
BNDES. Em 2001, assumiu a presidência da Petrobras.
Há também aqueles cujo ponto
de partida é o meio acadêmico.
Vão para órgãos importantes do
governo e, ao sair, são absorvidos
pela iniciativa privada.
É o caso do ex-diretor de Política Econômica do BC Ilan Goldfajn. Trabalhou três anos com Armínio. Agora, é sócio da Gávea.
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