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RETOMADA
Mercado para candidatos a cargos de direção cresce 29% no ano; profissionais voltam às empresas com salários maiores
Economia em alta valoriza passe de executivos
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Por seis meses, Ricardo Mayrinck Pereira, 42, executivo da
área financeira, viveu de "terceirização" -prestou serviço na área
de informática. Foi a opção encontrada após ficar desempregado de fevereiro a outubro de 2003.
Em abril deste ano, voltou a trabalhar com carteira assinada. A
convite da multinacional Storagetec, empresa de armazenamento
de dados, aceitou o cargo de diretor financeiro por um salário
anual de R$ 400 mil -ou R$ 33
mil por mês-, fora benefícios.
Demitido em junho de uma
companhia do setor de tintas, o
executivo Paulo Sérgio Geraldo,
41, teve quatro ofertas para ocupar cargos de direção.
Optou pela empresa Saint-Gobain Abrasivos, onde começou a
trabalhar como diretor mundial
de compras na última segunda-feira. O salário, mantido em sigilo,
é 10% maior do que o anterior.
"Vou cuidar de um setor que movimenta R$ 400 milhões por ano."
As histórias desses profissionais
revelam a recuperação do mercado de trabalho de executivos. De
janeiro a julho deste ano, a oferta
de vagas para executivos de nível
de gerência ou direção subiu 29%
na comparação com igual período do ano passado.
Levantamento da Laerte Cordeiro Consultoria em Recursos
Humanos, a partir de anúncios de
jornais de São Paulo, mostra que
nos primeiros sete meses deste
ano foram ofertadas 908 vagas.
No mesmo período do ano passado foram 704. "Os executivos voltaram a ser procurados, como reflexo da retomada de alguns setores da economia", diz Laerte Cordeiro, diretor-presidente.
Quem se recolocou no mercado
está ganhando até mais. "O aumento salarial foi, em média, de
12% a 20%. Há casos de profissionais que conseguiram elevar em
até 40% o salário mensal", afirma
Gutemberg B. de Macedo, da Gutemberg Consultores.
Neste ano, a consultoria já recolocou 57 executivos em empresas
de várias atividades. A expectativa
é que esse número passe de cem
neste ano. Em 2003, foram 79.
"A procura por executivos aumentou 56% neste ano em relação
ao ano passado", afirma Iêda Novais, sócia-diretora da Mariaca &
Associates, especializada em recolocação de executivos.
"O nosso faturamento dobrou
neste ano em relação ao ano passado", diz Guilherme Dale, consultor sênior da Spencer Stuart,
consultoria de recrutamento de
executivos e conselheiros.
"Dos 62 executivos com quem
trabalhei nos últimos oito meses
na área de "coaching" [orientação, treinamento e plano de carreira], a maioria já se recolocou, e
muito bem, no mercado de trabalho", afirma José Carlos Figueiredo, consultor da Catho, especializada em recursos humanos.
Os profissionais mais procurados, segundo o levantamento da
Laerte Cordeiro, são, por ordem,
os de marketing, vendas, produção, finanças e de tecnologia da
informação. Quem mais demanda esses profissionais são: indústrias, empresas de serviços, comércio e instituições financeiras.
"A área de exportação ficou
congelada de 1994 até 2003. Só em
meados do ano passado, os profissionais desse setor começaram
a sair da geladeira", diz Gerson
Correia, consultor da DBM.
R$ 1 milhão
A procura por executivos começou a aquecer, segundo nove empresas especializadas em recursos
humanos, no primeiro trimestre
deste ano, após uma crise de quase um ano e meio que atingiu em
cheio o alto escalão das empresas.
Um dos piores momentos foi entre março e outubro do ano passado, quando a economia se retraiu.
"Durante um bom tempo, telecomunicação era uma palavra
feia. De repente, como em um estalo, as operadoras de telefonia e
as companhias que trabalham
com infra-estrutura para esse setor voltaram a procurar executivos. Estamos atrás de profissional
de R$ 1 milhão por ano", diz David Ivy, vice-presidente da Korn
Ferry, empresa de recrutamento.
No ano passado, segundo informa, os salários dos executivos não
passavam de R$ 650 mil por ano, e
não havia muitas oportunidades
como as que surgiram neste ano.
"Para ter idéia da melhora, basta dizer que negociamos bônus de
US$ 1 milhão, pago em suaves
prestações, só para um executivo
de telecomunicação sair da empresa em que estava", diz Ivy. A
Korn Ferry tem vagas de R$ 60
mil/mês, mais bônus atrelado a
performance e outros benefícios.
Mais talentos
A Simon Franco Recursos Humanos, que presta serviços às empresas na área de RH, informa
que o mercado para executivos
reagiu, mas a procura é por profissionais cada vez mais talentosos. "Esse mercado está mais seletivo. Para os profissionais diferenciados, há sempre emprego", afirma o "headhunter" Simon Franco, presidente da Simon Franco.
Celso Pegorim, 49, diretor de
RH da Iob-Thomson, empresa de
publicações, foi contratado há 60
dias, depois de trabalhar por quase dois meses como consultor.
"Voltei para o mundo corporativo. O mercado de consultorias independentes está abarrotado",
afirma. "O salário não sofreu
grandes mudanças, mas os benefícios compensam", afirma.
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