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CRISE NO AR
Empregados buscam unir-se à Fundação Ruben Berta para chegar ao governo e discutir formas de salvar a empresa
Funcionários tentam pacto com dona da Varig
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após uma história de conflitos
com a Fundação Ruben Berta, e
no momento em que o governo
discute o socorro à Varig, representantes dos funcionários ensaiam uma aproximação com a
controladora da empresa aérea.
Dois fatores ajudam a explicar a
situação, que, por enquanto, não
vai muito além de acenos entusiasmados dos trabalhadores na
tentativa de trazer a FRB para o lado dos funcionários nas negociações por uma solução.
Todas as possibilidades aventadas para reestruturar a Varig, cuja
dívida é avaliada em US$ 2,1 bilhões, envolvem a participação
societária extremamente reduzida da FRB -que hoje representa
87% do capital votante da empresa. No melhor dos mundos, ela teria 5% da empresa.
Paralelamente, os trabalhadores
-que estão entre os principais
credores da Varig- afirmam que
até agora não foram chamados à
mesa de negociação.
"O governo monta planos que
não se sabe quais são e o trabalhador nem foi ouvido. Estamos tentando insistentemente conversar
com ministros e com o próprio
presidente [Lula] para mostrar
que os funcionários também têm
propostas", diz o presidente da
Apvar (Associação dos Pilotos da
Varig), Rodrigo Marocco.
A Apvar, em parceria com outras associações representativas
de trabalhadores da empresa, defende a transformação dos créditos previdenciários dos trabalhadores em ações da companhia.
Os débitos da Varig com o fundo de pensão Aerus são estimados pelos funcionários em R$ 2
bilhões. A empresa reconhece
menos da metade desse valor.
Propostas
Uma proposta já foi apresentada em 2003 ao BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), mas não
despertou interesse do governo.
O plano envolve ainda aportes
de capital -"temos investidores
interessados", diz Marocco- e a
conversão em ações dos débitos
da empresa com outros credores,
estatais ou privados.
E, por fim, que a FRB tenha uma
participação maior do que a cogitada até agora. "Seria uma participação minoritária, mas muito
melhor do que o que vem sendo
proposto", afirma. "A Varig é viável. Se pudermos unir forças com
a fundação, fica muito mais fácil",
completa.
Segundo Roberto Santos, assessor da Amvvar (Associação dos
Mecânicos de Vôo da Varig), os
funcionários estão "buscando entendimento com a fundação para
ver se conseguem chegar ao governo". "Através de interlocutores, temos tentado uma aproximação com a fundação. Temos
recebido algumas respostas animadoras, e outras nem tanto."
"Queremos uma Varig mais
ágil, que possa competir melhor
no mercado", reforça Reynaldo
Filho, presidente da Acvar (Associação dos Comissários da Varig).
A Varig possui hoje 15 mil funcionários, incluindo os da VEM (Varig Engineering & Maintenance)
e da Varig Log.
Além da falta de diálogo com o
governo, preocupam os funcionários as soluções que envolvam cisão ou controle da Varig pelo governo. Conforme a Folha publicou na semana passada, o governo dialoga com grupos interessados em criar uma nova empresa
aérea que herdaria as concessões
de linhas internacionais da atual
Varig, a melhor fatia de mercado.
Essa solução envolveria a quebra da Varig, já que haveria uma
separação entre a parte "boa", que
seria essa empresa internacional,
e a "podre" da companhia. "Somos contra qualquer plano que
envolva cisão ou estatização da
companhia", diz Marocco.
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