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Reestruturação
é a única saída,
dizem analistas
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem uma grande reestruturação operacional, uma ajuda do
governo à Varig neste momento
apenas adiaria a morte da empresa, na opinião de analistas ouvidos pela Folha.
O consenso é que, apesar de algumas mudanças terem sido feitas de um ano para cá, a aérea não
fez a "lição de casa", ou seja, não
cortou custos no ritmo e na intensidade necessários.
"Meu ponto de vista é que a
reestruturação financeira da Varig é necessária, mas não suficiente para a empresa prosperar", diz
André Castellini, consultor especializado da Bain & Company.
"Como todas as companhias aéreas tradicionais, ela teria grande
dificuldade de competir com empresas mais novas, como a TAM e
a Gol, cujos custos são menores, e
o nível do serviço prestado é tão
bom ou melhor", completa.
Segundo Carlos Albano, analista de aviação do Unibanco, "da
forma como a Varig está uma injeção de recursos não resolve".
"Precisa haver uma reestruturação operacional em todas as frentes, com redução de custos e aumento de receita. O problema da
Varig não é só a falta de dinheiro,
é a ineficiência operacional."
A necessidade de ajudar a empresa é motivo de divergências.
Alguns analistas lembram que a
falta de regulamentação do setor,
que nos últimos anos abriu sem
restrições os céus brasileiros para
novas empresas operarem vôos
domésticos e internacionais, canibalizou o mercado e foi um dos
principais fatores determinantes
da crise financeira da empresa.
Agora, o governo estaria consertando um erro cometido no
passado. Outros argumentos são
a importância da Varig como
companhia brasileira de bandeira
internacional e também o risco
de, em caso de quebra, ninguém
ter interesse em assumir linhas
menos rentáveis, mas estratégicas, no mercado doméstico.
"A Varig não pode quebrar. A
Transbrasil tinha apenas 4% do
mercado quando parou de operar
e causou transtornos. Se a Varig,
que tem 30% do mercado doméstico, parar de operar amanhã, haverá um colapso", diz Marcelo Ribeiro, da corretora Pentágono.
Bolívar Pêgo Filho, economista
do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), discorda.
"É necessário uma visão mais racional da alocação dos recursos
públicos. O governo tem de fazer
a sua parte com a sociedade, e não
ficar dando dinheiro para uma
empresa que quebrou."
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