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OUTRO LADO
Telemar diz que cumpriu metas e que casos da Baixada são pontuais
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da holding Telemar, José Fernandes Pauletti, sustenta que a empresa cumpriu as
metas de universalização do serviço de telefonia e que os casos
existentes na Baixada Fluminense
são pontuais e ""estatisticamente
irrelevantes".
O executivo admitiu que a regulamentação exige ""falha zero" no
cumprimento das metas, quando,
pelos seus cálculos, a Telemar estaria atendendo a 99,9% dos pedidos de instalação de linhas dentro
do prazo máximo estabelecido de
15 dias.
"Mas 0,1% não está atendido e a
regra é 100%. A regra diz que se ficar um caso de fora, a empresa
não atendeu a meta. Eu digo que é
impossível atingir esse percentual
nas localidades com expansão populacional desordenada. Tem de
haver uma margem de segurança.
O indicador está errado", afirmou.
Estado Complexo
Pauletti diz que na grande maioria dos casos que tramita nos juizados especiais da Baixada, a instalação da linha já teria sido feita.
Diz que há 400 casos em que a instalação não foi feita porque os autores das ações estariam dificultando o trabalho dos técnicos, interessados na indenização por danos morais. Alguns juizados estabelecem multa diária de R$ 500,00
por atraso na instalação, afirma.
Haveria, ainda segundo o executivo, outros 200 casos de pessoas que já não estão mais interessadas em receber o telefone, mas
continuam com o processo judicial, em busca de indenização.
"Naturalmente, há casos em que
as pessoas têm razão em reclamar", ressalva.
Pauletti disse que o Rio de Janeiro tem sido o maior desafio da Telemar, porque a Telerj era a pior
empresa de telefonia do antigo
sistema estatal Telebrás. Segundo
ele, a modernização da rede no
Estado saiu duas vezes mais caro
do que a construção de uma inteiramente nova.
O cumprimento das metas, segundo ele, teria sido dificultado
também pelo poder paralelo da
marginalidade. Em algumas áreas
da região metropolitana, a Telemar tem de fazer acordos com lideranças da comunidade local
para que os carros dos técnicos
possam circular pelas ruas, mesmo assim, dentro de horários
preestabelecidos.
"Tem localidades que os caras
mandam os moradores devolver
os telefones para que não liguem
para a polícia", diz Pauletti. A empresa não identifica estas regiões
para não expor funcionários ao
risco.
O diretor de Projetos Especiais
da Telemar, João de Deus, diz que
a empresa multiplicou por cinco a
planta telefônica na Baixada Fluminense desde a privatização da
Telerj, em julho de 1998. O número de telefones instalados na região passou de 103 mil em 1998
para 605 mil. Ele diz que foi investido R$ 1 bilhão na região. "Duvido que outra atividade tenha investido 20% deste valor na Baixada", afirmou.
Pauletti diz que o crescimento
desordenado tornaria impossível
o atendimento de 100% dos pedidos de instalação de linhas em
duas semanas. Ele diz que a Telemar tem 800 mil linhas instaladas
e fora de operação no Rio de Janeiro, porque o crescimento da
demanda não se deu na direção
esperada. "Em algumas localidades, as linhas são entregues em
três dias", afirmou.
Telefone sem fio
O executivo diz que a empresa
tentou acelerar o atendimento na
Baixada com telefones sem fio,
mas a tecnologia -chamada
WLL, ou Wireless Local Loop-,
não se mostrou adequada. Dos 30
mil telefones sem fio entregues, 10
mil já foram recolhidos.
Segundo ele, a empresa tentou o
uso dessa tecnologia para contornar a escassez de cabos no mercado, após a privatização.
O executivo disse que a Anatel
fez duas auditorias no Rio antes
de certificar a antecipação do
cumprimento das metas pela empresa. Segundo ele, foram feitos
testes em 300 localidades no Estado, contra 40 em todo o Estado de
São Paulo.
Acionistas da companhia atribuem os problemas verificados
no Rio também à demora da Anatel em divulgar a regulamentação
para a certificação das metas de
universalização.
Eles alegam que os investimentos para a antecipação de metas
começaram em 99, mas a regulamentação só saiu no final do ano
passado, quando os investimentos já estavam feitos.
(ELVIRA LOBATO)
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