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CONSUMO
Rentabilidade é mais baixa e endividamento é o mais alto desde 94; queda das vendas no varejo é a 2ª maior
Comércio registra pior resultado do Real
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O varejo foi ao fundo do poço:
em 2002 o setor teve o mais baixo
nível de rentabilidade desde o início do Plano Real, em 1994, e bateu o recorde de endividamento
com bancos no período. Os dados, nacionais, foram obtidos pela Folha com a Serasa (Centralização de Serviços Bancários), especializada em informações de crédito no país.
Pior: análise de mil balanços de
lojas do setor mostra que o comércio no Brasil deve fechar 2002
com retração de 2,6% nas vendas
reais (descontada a inflação). Esse
é o primeiro número fechado sobre o desempenho do varejo no
país no ano. Novos números serão dados pelo IBGE em 2003.
A somatória de três fatores
-renda em queda, desemprego
em alta e crédito caro por conta
dos juros- jogou todas as previsões otimistas na lona.
A queda de 2,6% interrompe
três anos consecutivos de bons resultados e é a segunda maior retração desde o início do governo
FHC. Redução superior à de 2002
ocorreu apenas em 1996 -quando o tombo foi de 5,8%.
Em relação à rentabilidade,
houve forte redução na margem
de lucro líquida do setor, que atingiu 0,8% em setembro de 2002 e
estava em 1,5% no ano anterior
-de janeiro a dezembro de 2001.
Esse número registrado até setembro deve se manter, pois não
houve recomposição de margem
do setor nos últimos meses. Em
dezembro de 1994, a taxa estava
em 3%, o pico nos anos FHC.
O pior desempenho foi alcançado em dezembro de 1993 (antes
do Real), quando a taxa estava em
0,3%. Os números da Serasa têm
como base o balanço de mil companhias de varejo no país.
Entre elas, 67,2% são de pequeno porte (até R$ 2 milhões em
vendas), 24,7% são médias (de
R$ 2 milhões a R$ 50 milhões) e o
restante, 8,1%, são grandes (acima de R$ 50 milhões). A amostra
inclui de hipermercados a mercearias, varejo eletrônico e postos
de combustíveis, entre outros.
Nos anos do Real, o comércio de
combustíveis teve a maior perda
de rentabilidade. No mercado de
revenda de carros e no varejo eletrônico, o cenário também é difícil. "Nada fez as empresas perderem mais rentabilidade do que a
pressão da concorrência", diz
Marcio Ferreira Torres, gerente
de análise de crédito da Serasa.
Com mais empresas no mercado, fica difícil garantir fidelidade
do cliente e demanda constante
na loja. Logo, as companhias precisam oferecer preços mais
atraentes e reduzir margens.
No caso dos eletrônicos, a redução foi de 2,7% em 2001 para 1,2%
em setembro de 2002. No comércio de automóveis, a queda foi de
1,6% para 0,6% no período.
Quem vende alimentos perdeu
menos dinheiro. A rentabilidade
caiu, mas menos do que a média
do setor em 2002. Isso é resultado
de um processo de substituição.
Isso porque o surto inflacionário fez com que o consumidor
mantivesse o número de itens
comprados nas lojas. Mas ele optou pelos mais baratos. Resultado:
a margem da loja com produtos
de maior valor agregado, e mais
caros, ficou comprimida em 2002.
"A arma é saber negociar. Sabemos que a indústria está no sufoco, mas bons contratos com grandes volumes ainda é a velha e boa
saída para garantir resultado", diz
Newton Rocha, da Riachuelo.
A Serasa também forneceu dados sobre endividamento, que
disparou nos anos do Real.
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