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Conta do acesso gratuito "não fecha", diz provedor
DA SUCURSAL DO RIO
Os três maiores provedores de
acesso pago à internet no Brasil
-UOL, AOL e Terra- dizem
que o acesso gratuito é insustentável como modelo de negócio.
"A conta não fecha. Não há como cobrir os custos só com publicidade e comércio eletrônico",
afirma o diretor-geral do Terra,
Fernando Madeira.
A avaliação é confirmada pela
empresa de consultoria Tendências, que analisou o impacto do
contrato entre o iG e a Telemar
sobre a concorrência no mercado
de internet.
Segundo o estudo da consultoria, a cobrança de assinaturas (da
qual os provedores gratuitos
abrem mão) representa de 70% a
80% da receita total dos provedores de acesso pago. A publicidade
e o comércio eletrônico representam apenas 30% devido à penetração ainda reduzida da internet
no Brasil.
Madeira diz que o Terra entrou
na primeira onda do acesso gratuito, em 2000, apenas como estratégia de proteção de seu mercado.
"Sempre olhamos com desconfiança a forma como os provedores de acesso gratuito conseguiam
sobreviver. Parece claro agora que
eles têm participação na receita
das companhias telefônicas", afirma Madeira.
O executivo afirma que os assinantes de acesso pago ficam, em
média, 40 minutos por dia conectados à internet, tempo distribuído entre o horário comercial e o
noturno.
Os usuários do acesso gratuito
ficam menos tempo conectados e
concentram o uso na madrugada
e finais de semana, quando a tarifa telefônica é reduzida.
Mais receita
Segundo o diretor-geral do Terra, os provedores de acesso pago
geram mais receita para as empresas de telefonia do que os provedores de acesso gratuito. "Se
eles são remunerados pelo tráfego, nós também temos direito",
diz Madeira.
O vice-presidente da America
Online Brasil, Milton Camargo,
concorda com Madeira: "Se existe
para um, tem de existir para todos. É o princípio da isonomia",
afirma.
Ele diz que a AOL não acredita
no modelo de acesso gratuito,
mas convive com esse tipo de
concorrente e não acha que ele tomará o mercado dos provedores
de acesso pago, que oferecem serviços que os gratuitos não têm.
"Vimos muitos provedores de
acesso gratuito nascerem e morrerem. A AOL vai continuar, porque tem um modelo de negócio
sustentável e compromisso com o
assinante", declarou.
Saco sem fundo
Claus Vieira, diretor-geral do
UOL, lembra que a empresa também aderiu à onda dos provedores de acesso gratuito em 2000,
quando lançou o Net Gratuita. "O
acesso gratuito gera tráfego telefônico e audiência na rede, mas a
receita do negócio não paga o
acesso. É um saco sem fundo para
perder dinheiro", diz ele.
Na avaliação de Vieira, se o tráfego para a internet for excluído
da tarifa de interconexão das
companhias telefônicas -conforme sugere a proposta de regulamento colocada em consulta
pública pela Anatel-, o acesso
gratuito à internet vai desaparecer, e todos os provedores terão
de trabalhar com as condições
reais do mercado.
Ele discorda de que o acesso
gratuito seja a receita para a democratização da internet. A principal barreira para inclusão digital, diz, é o custo do computador.
Abranet
O presidente da Abranet (Associação Brasileira dos Provedores
de Acesso, Serviços e Informações
de Rede Internet), Roque Abdo
diz que o parecer da Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico) recomendando que a
Telemar estenda as vantagens dadas ao iG aos demais provedores
foi importante porque confirmou
a falta de isonomia de tratamento.
Mas, segundo ele, a associação
quer mercado competitivo, sem
transferência de recursos por parte das teles para nenhum provedor. Segundo ele, mesmo se a Telemar propusesse remuneração
aos demais provedores, não haveria clareza se as condições seriam
iguais às obtidas pelo iG. "Existem benefícios cruzados de difícil
identificação", diz.
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