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INTERNET
Dirigentes de três companhias encaminharam documento à Anatel solicitando mudança na tarifação do setor
Teles condenam disputa e pedem nova regra
DA SUCURSAL DO RIO
Oficialmente, as companhias
telefônicas condenam o uso do
acesso gratuito à internet como
instrumento de disputa de receita
de telefonia. Em agosto, os dirigentes das três empresas enviaram ao presidente da Anatel, Luiz
Guilherme Schymura, uma carta
dizendo que os 1.219 provedores
de acesso pago à internet existentes no Brasil estão "fadados a desaparecer" se as distorções no cálculo de tarifação do uso das redes
de telecomunicações persistirem.
O documento diz que "as distorções são de tal gravidade que
impedem e aniquilam qualquer
esforço para que se amplie o alcance e a utilização da internet pela população brasileira".
A carta foi assinada por Fernando Xavier Ferreira, presidente da
Telefônica, por José Fernandes
Pauletti, presidente da Telemar, e
por Manuel Ribeiro Filho, superintendente da Brasil Telecom. O
presidente da Abranet (Associação Brasileira dos Provedores de
Acesso à Internet), Roque Abdo,
também subscreveu a carta.
O texto traz explicações técnicas
para o mecanismo batizado pelas
empresas de "sumidouro de tráfego", que estaria por trás da nova
onda de lançamento dos provedores de acesso gratuito.
Em recente entrevista à Folha, o
vice-presidente de estratégia corporativa e regulatória da Telefônica, Eduardo Navarro, deu um
exemplo de como ele funciona.
Se uma pessoa usar a internet
por uma hora todas as madrugadas e duas horas durante o final de
semana, ela vai pagar R$ 2,70 à
empresa de telefonia, no final do
mês, por 38 horas de conexão
-porque nesses dias e horários
há desconto, isto é, cada ligação,
não importa quanto ela dure, é
cobrada como um único pulso
(em dias e horários normais, um
pulso tem quatro minutos).
Se o provedor de internet desse
usuário estiver numa rede concorrente, a companhia telefônica
pagará R$ 51 pelo tráfego gerado
por aquele internauta, porque conexão entre as redes é faturada
por minuto. Segundo Navarro, a
Telemar, Telefônica e Brasil Telecom podem perder R$ 1,3 bilhão
de receita por ano nessa competição. Por isso, as três empresas defendem oficialmente a mudança
das regras.
A Telemar diz que mantém a
posição que foi manifestada ao
presidente da Anatel e que assinou o contrato com o iG dentro
do modelo de competição imaginado na época. Segundo a empresa, o contrato pode ser repactuado em caso de mudança no regulamento de acesso à internet.
Embora condenem o uso do
acesso gratuito à internet como
instrumento de disputa de receita
de telefonia, as concessionárias
estão preparadas para defender
seus mercados -a Telemar com
iG, a Brasil Telecom com iBest e a
Telefônica com o i-Telefônica.
O contrato do iG com a Telefônica termina no final do mês. Se a
Telemar montar rede para receber as ligações para o iG em São
Paulo, a guerra estará iniciada.
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