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São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 2003

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Febraban faz restrições à pesquisa

DA REPORTAGEM LOCAL

A Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos) faz algumas restrições à pesquisa que mostra que os bancos brasileiros, devido aos altos juros do país e ao "spread" cobrado pelos bancos em seus empréstimos, possuem a maior rentabilidade dentro do universo pesquisado.
Para os bancos, o critério de restringir a amostra a seis deles é "discutível". Em contrapartida, a Federação apresentou os dados de 2001 de uma revista especializada em análise de bancos, a "The Banker".
No mesmo universo de países pesquisados, o Brasil continua em primeiro lugar em rentabilidade na pesquisa da revista, mas a média diminui de 23,4% para 20,2%. Com isso, também diminui a diferença entre os bancos brasileiros e a média do México, que continua em segundo lugar.
Entretanto era de esperar que houvesse diferenças nos resultados finais das duas pesquisas devido ao universo do estudo da ABM Consulting incluir apenas os seis maiores bancos de cada país e a revista analisar, segundo a Febraban, "mais de mil instituições em todo o mundo".
A entidade diz que os bancos em países como El Salvador, Eslovênia, Suécia, Croácia, Jamaica, Romênia, Hungria, Nigéria, Estônia e Andorra tiveram rentabilidade maior do que os brasileiros.
Roberto Luis Troster, economista-chefe da Febraban, discorda dos motivos apresentados por analistas de mercado para a alta rentabilidade dos bancos no Brasil em relação a outros países.
Segundo ele, a Selic (taxa básica de juros) alta é prejudicial para os bancos, porque aumenta o custo de captação das instituições financeiras no mercado, diminui a demanda por empréstimos e eleva o grau de inadimplência.
A justificativa apresentada por Troster para o atual patamar do "spread" bancário, ou seja, pela diferença entre aquilo que os bancos pagam para captar o dinheiro no mercado e o que é cobrado de seus clientes na hora de conceder os empréstimos, é o alto grau de inadimplência e os diversos tributos que devem ser recolhidos pelos bancos nas operações, como Imposto de Renda e CPMF.
"A inadimplência no Brasil é uma das maiores do mundo. Não é à toa que mais da metade dos bancos estrangeiros caíram fora", diz Troster.
Além disso, o economista ressalta os serviços que são oferecidos pelos bancos brasileiros.
"Se a pessoa vai mandar um courier -serviço de entrega- privado dentro do país, demora três dias e custa R$ 54. Uma TED (Transferência Eletrônica Disponível) cai no mesmo dia e sai por R$ 10. É o sistema mais eficiente e sofisticado do mundo", afirma Troster.



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