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Representação de cortadores de cana é alvo de disputa entre federações
DA REPORTAGEM LOCAL
A disputa pela representação do
trabalhador -e, como consequência, pelo direito de receber o
imposto sindical que é descontado do salário do empregado-
colocou três federações paulistas
em pé de guerra. Fetaesp (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo),
Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo) e Fercana (Federação dos Empregados Rurais
no Setor Canavieiro do Estado de
São Paulo) querem defender os
interesses do cortador de cana.
Desde 2001, a Fercana tenta obter registro no Ministério do Trabalho para representar esse trabalhador -a federação informa
reunir 23 sindicatos no Estado.
Na última quinta-feira, Mauro Alves da Silva, presidente da federação, esteve na Secretaria de Relações de Trabalho para tentar convencer o ministério de que a Fercana é a legítima representante do
cortador de cana. Ainda não conseguiu. Silva, aliás, já foi presidente da Fetaesp.
"Nossa categoria é formada por
350 mil trabalhadores do Estado
de São Paulo. Por seguir uma legislação específica [a lei do Plano
de Assistência Social, que recebe
recursos da agroindústria canavieira para programas de saúde e
educação dos trabalhadores",
também tem de ter uma federação particular", afirma Silva.
O que ele quer dizer é que o cortador de cana não é bem representado, por exemplo, pela Feraesp e pela Fetaesp, que reúnem
várias categorias de trabalhadores
rurais, como os colhedores de laranja e o plantador de café, e de
produtores rurais.
A Feraesp, criada em 89, e a Fetaesp, que existe há 40 anos, discordam dessa representação. Essas duas federações, aliás, já travam na Justiça disputa para representar o trabalhador do campo -ambas têm registro no ministério. A Fetaesp informa representar 180 sindicatos de trabalhadores rurais e de pequenos produtores no Estado. A Feraesp
ganhou decisão em 2001 no STJ
(Superior Tribunal da Justiça) para representar os trabalhadores
assalariados rurais -informa
reunir 43 sindicatos no Estado.
"A Fetaesp só fala em nome de
pequenos produtores. Já a Fercana quer criar uma categoria profissional que não existe, a dos cortadores de cana. Todos são trabalhadores rurais. Essa fragmentação só prejudica os direitos do trabalhador", diz Élio Neves, presidente da Feraesp.
"Vamos entrar com uma ação
rescisória para que o STJ possa rever sua decisão. Manter pequenos
produtores e empregados rurais
juntos é melhor para o trabalhador", diz Braz Albertini, presidente da Fetaesp.
Enquanto isso, o presidente da
Fercana afirma que os próprios
cortadores querem ser representados por uma federação. "Temos
interesses específicos. Se o cortador não for reconhecido pelo ministério, vamos mexer com a economia do país com paralisações."
O fato é que, enquanto as três
instituições brigam entre si, o trabalhador nem tem idéia de que é
alvo de disputa. "Nunca vi ninguém de sindicato aqui. Larguei a
escola aos 12 anos para trabalhar
na plantação de cana", diz Marcos
Avelar, 34, que corta cana em Cravinhos (SP).
(FF e CR)
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