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Agricultura é o principal impasse para acordo na OMC
DO COLUNISTA DA FOLHA
Mais que a guerra, o que ameaça as negociações comerciais na
OMC é o impasse agrícola.
"Falando francamente, as divisões entre os governos em temas
como agricultura são tão dominantes que não é necessário estímulo externo para tornar o trabalho difícil", diz Keith Rockwell, diretor da Divisão de Informação e Relações com a Mídia da OMC.
Se agricultura é de fato um elemento mais perturbador que a
guerra, as perspectivas de sucesso
da chamada Rodada Doha de Desenvolvimento tendem a zero.
A Rodada foi convocada há um
ano meio, na Conferência Ministerial realizada na capital do Qatar. Deveria terminar em 2005 e
foi chamada de "Rodada de Desenvolvimento" porque os países
ricos queriam atrair o apoio dos
mais pobres com lançando a isca
das concessões comerciais.
Brasil
Para países como o Brasil, produtor e exportador agrícola competitivo, o fim do protecionismo
agrícola seria decisivo para aumentar as exportações e, por extensão, a atividade econômica.
Mas a questão agrícola emperrou na pré-negociação. Há um
prazo até o dia 31 para definir o
que o jargão diplomático chama
de "modalidades" da negociação:
estabelecer o objetivo da negociação, a metodologia a ser seguida e
os resultados finais esperados.
Bombardeio
Como os negociadores não
avançaram na discussão, o presidente do Comitê de Negociações
Agrícolas, Stuart Harbinson
(Hong Kong), ousou preparar ele
próprio um texto. Foi bombardeado de todos os lados, sem que,
no entanto, os países-membros
explicitassem o que queriam mudar no documento Harbinson, o
único papel concreto disponível.
Na semana passada, Harbinson
apresentou a revisão de seu texto,
com modificações insignificantes,
por "insuficiente orientação coletiva", como deixou claro. Consequência: o prazo vencerá sem que
as modalidades sejam fixadas,
pondo em risco toda a negociação
da Rodada Doha.
É por isso que Graça Lima concorda com Rockwell. "O ataque
ao Iraque e seus resultados não alteram o quadro de impasse em
Genebra e que contribui para o
sentimento de frustração daqueles que propugnam por um sistema multilateral de comércio mais
liberalizado e menos discriminatório", afirma o brasileiro.
(CLÓVIS ROSSI)
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