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GASTO BRASIL
Entre 1996 e 2003, rendimento caiu 18%, aponta pesquisa do IBGE; Distrito Federal tem a maior média, Recife, a pior
Família perde renda em áreas metropolitanas
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Embora os recentes dados divulgados pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) tenham revelado que o consumo cresceu e se sofisticou desde a
década de 70, a renda das famílias
brasileiras que vivem em metrópoles caiu nos últimos anos.
Entre os anos de 1996 e 2003, o
rendimento total recuou 18% nas
principais regiões metropolitanas
do país. Descontada a inflação
nesse período, a renda média das
famílias passou de R$ 2.630, em
1996, para R$ 2.154, em 2003.
Os dados foram obtidos a partir
da POF (Pesquisa de Orçamentos
Familiares) de 1996 e de 2003
-esta última divulgada na semana passada pelo IBGE- e foram
corrigidos pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)
acumulado de setembro de 1996 a
janeiro de 2003 -58,8%.
O levantamento considera nove
regiões metropolitanas, além de
Goiânia e do Distrito Federal -a
pesquisa de 2003 é nacional, mas
a de 1996 só foi feita nessas áreas.
Diferentemente de pesquisas
como a PME (Pesquisa Mensal de
Emprego), o rendimento apurado
considera todas as fontes de recebimentos, e não só as do trabalho.
É, segundo especialistas, mais
completo e reflete melhor as condições de renda das famílias.
A informações de 2003 mostram que Recife é a região que tem
o menor rendimento. As famílias
lá recebem, em média, R$ 1.322. É
54,1% menos do que a renda média dos domicílios do Distrito Federal (R$ 2.878), a maior do país.
Depois, vem São Paulo (rendimento médio de R$ 2.401).
Os dados apontam ainda que as
fontes de recebimento das famílias são bastante distintas em cada
uma das áreas. Ex-capital federal
e com um grande contingente de
servidores públicos e órgãos da
União, o Rio de Janeiro apresenta
a maior participação de aposentadorias na composição total da
renda -18%, ou R$ 410, de um
rendimento de R$ 2.194. Esse percentual é de 12,5% no Distrito Federal e de 6,8% em São Paulo.
Na média, o peso das aposentadorias é de 11,6%. Em 1996, essa
parcela era menor: 10,36%.
Informalidade
Uma outra constatação possível
a partir dos dados da POF é o grau
de informalidade em cada região,
medido a partir da contribuição
da renda dos trabalhadores por
conta própria no total do rendimento. Essas pessoas estão, em
geral, ocupadas como camelôs ou
vivendo de biscates.
Em Belém, o recebimento desse
contingente de trabalhadores corresponde a 20% da renda total, o
mais alto percentual do país.
Também são elevadas as participações em Curitiba (17,7%), Fortaleza (15,9%) e Goiânia (15,4%).
No outro extremo, apenas 5,6%
da renda total das famílias do Distrito Federal vem dos trabalhadores por conta própria. Em São
Paulo, o percentual é de 13%.
Na média das 11 áreas, a participação do trabalho por conta própria na renda total das famílias é
de 12,3%. Em 1996, esse percentual era maior: 17,9%.
Aplicações
A comparação entre os dois períodos mostrou também que caiu
o peso do rendimento das aplicações financeiras na renda das famílias brasileiras.
Em 1996, sua participação no
rendimento total era de 4,7%.
Caiu para apenas 1,95%. Em Recife representa só 0,1%. Já em São
Paulo o peso do rendimento dos
investimentos financeiros na renda total das famílias é de 3%.
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