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REVOADA
Índice nas economias da região cai de 67,9% em dezembro para 44,5% em abril, diz estudo; Leste Europeu registra expansão
América Latina enfrenta queda de liquidez
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de ter experimentado
um ano de euforia em 2003 com a
entrada de investidores no mercado de títulos da dívida pública e
de bônus corporativos, a América
Latina é afetada pelo enxugamento de dinheiro disponível.
De acordo com dados da consultoria britânica CrossBorder, o
índice de liquidez (medido em
uma escala que vai de 0% a 100%)
na região caiu de 67,9%, em dezembro do ano passado, para
44,5%, registrado em abril deste
ano. Dezembro é considerado o
auge do otimismo com as economias emergentes.
"A liquidez nos mercados emergentes atingiu um perigoso ponto
de baixa. No entanto as condições
entre eles são divergentes. Na
América Latina, o índice está em
queda, mas na Europa emergente
ele está em ascensão", diz trecho
do relatório elaborado pela economista Angela Cozzini.
A redução do índice de liquidez
na América Latina é também conseqüência de uma retração mundial da disponibilidade de dinheiro. De acordo com a CrossBorder,
em termos globais, o indicador
passou de 66,6% em 2003 para
65,9%. Na Europa emergente
(Leste Europeu), o indicador subiu de 50,2% para 62,7% no mesmo período.
A Rússia tem sido a líder nessa
expansão com o ingresso de fluxos de capital, principalmente para o setor privado, diz o estudo.
Juros dos EUA
Segundo a consultoria, os fluxos
de capital privado e a oferta de
crédito por bancos centrais dos
países latinos são mais afetados
pela possibilidade de mudanças
na política monetária do Fed
(banco central dos EUA).
Diante dos recentes sinais de
aquecimento da economia norte-americana, a expectativa é a de
que haja uma elevação da taxa básica de juros dos EUA ainda em
junho. Hoje ela está em 1%, o nível mais baixo das últimas quatro
décadas. Com a possibilidade de
uma elevação, que vai se traduzir
em retornos mais elevados para
investimentos em papéis americanos, os investidores se retiram
de locais considerados mais arriscados. "A tendência de aperto no
banco central [dos EUA] já está liderando um cenário de baixa [nos
mercados da América Latina]. Os
fluxos de capital externo e fluxos
de crédito para as empresas da região já estão enfraquecendo", diz
a consultoria. A tendência de queda no preço das principais commodities exportadas pela região
também explica o menor volume
de dinheiro em circulação.
"Já ocorre um enxugamento da
liquidez mundial, e essa é a principal causa da fraqueza na América
Latina", disse Gustavo Rangel, do
Barclay's Capital, em Nova York.
Para ele, entretanto, não há razão para pânico. "O que vemos
agora na América Latina é uma
correção técnica. Isso ocorre ciclicamente nos emergentes e não
deve ser algo duradouro."
Relatório da EmergingPortfolio.com, consultoria que monitora fundos que detêm mais de US$
2,5 trilhões em países em desenvolvimento e industrializados, revela que os fundos que investem
em títulos da dívida de emergentes tiveram a pior semana desde
2001 entre os últimos dias 11 e 17
de maio. O valor da retirada chegou a US$ 228,2 milhões.
"Investidores têm reduzido a
sua exposição a esses mercados
por uma convergência de fatores
que elevam a aversão ao risco. A
perspectiva de aumento da taxa
de juros nos Estados Unidos e os
preços históricos da alta de petróleo estão entre eles", avaliou Brad
Durham, diretor da EmergingPorfolio.com.
O economista Walter Molano,
do BCP Securities, afirma que, para alguns investidores, "o caso de
amor com os mercados emergentes acabou", mas que não existe
um cenário de crise de liquidez.
"O Brasil, por exemplo, não tem
tido dificuldades para se financiar", argumentou.
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