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Proteção contra a inflação exige cuidados
Títulos prefixados atrelados à inflação podem render menos que o esperado se as taxas de juros subirem no futuro
Papéis públicos indexados
ao IPCA pagaram diferentes
taxas nos últimos 30 dias;
dependendo de seus prazos,
renderam mais ou menos
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem pretende se proteger
da inflação no curto prazo e cogita aderir a fundos indexados a
índices de preços ou comprar
títulos corrigidos pelo IPCA no
Tesouro Direto pode fazer um
mau negócio. O motivo é que
vários desses papéis e fundos
tiveram retorno ruim, chegando a ficar negativos, e a perder
dos fundos DI em longo prazo.
O problema é que os títulos
do governo indexados ao IPCA
-as NTN-B vendidas pelo Tesouro- são remunerados por
um juro prefixado mais o índice
de inflação. Com o recente aumento das taxas de juros, os papéis mais antigos e que embutiam uma taxa prefixada menor
do que as atuais do mercado são
vendidos com forte deságio.
Em alguns casos, mesmo o ganho alto com a correção pelo
IPCA não foi suficiente para cobrir as perdas de rentabilidade
com a taxa prefixada.
As NTN-B com vencimento
em agosto de 2012, abril de
2035 e agosto de 2024 renderam, respectivamente, -0,34%,
-0,53% e -1,87% sem contar o
IPCA nos últimos 30 dias terminados no dia 11 de maio (última data atualizada).
Por outro lado, papéis mais
curtos, como os com vencimento em agosto de 2008 e abril de
2009, tiveram retorno de 1,28%
e 1,5% e ainda somarão o IPCA
alto, que em maio foi de 0,79%.
Acontece que esses dois papéis
não estão mais disponíveis para
compra no Tesouro Direto.
Mas há outros, que pagam um
pouco menos e mais a inflação.
Ou seja, se os juros dispararem nos próximos meses por
conta da inflação, é bem provável que o investidor perca dinheiro se quiser vender papéis
comprados com taxa prefixada
ainda entre 6% e 7%.
Foi o que aconteceu em
2003, após o IGP-M saltar
25,31% em 2002, época da crise
anterior à eleição presidencial.
Muitos bancos abriram fundos
atrelados ao IGP-M, captaram
bilhões, mas quando o presidente Lula assumiu o governo e
o BC levou os juros para 26%, o
retorno desses fundos derreteu
e muita gente perdeu dinheiro.
Vale lembrar que o investidor só perde se quiser vender
os papéis antes do vencimento.
O problema é que vários desses
títulos vencem em mais de dez
anos. Já o fundo perde porque
tem de marcar os papéis a valor
de mercado.
Para o consultor Fernando
Lovisotto, da Risk Office, não
há fórmula mágica para se proteger depois que uma "tempestade" já começou, como acontece agora com a inflação. Ele
afirma que o investidor tem de
saber o horizonte de tempo que
deseja se proteger e ter um palpite sobre o rumo da inflação.
"Se quer se proteger por seis
meses a um ano, pode continuar num fundo DI, que não
tem problema. Ou então compra o papel de vencimento até
2010. Se quer por um período
um pouco maior, vai para o de
2015, que tem taxa de juros ainda alta. Se acha que o mercado,
daqui a um ano ou dois, vai melhorar, pode comprar até o
mais longo", disse.
(TONI SCIARRETTA)
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