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Açúcar deve puxar preço do álcool nos próximos meses
Consultoria prevê produção menor de cana neste ano com demanda em alta
No mercado doméstico, venda de carros flex chega a 87,5% do total; exportações devem quebrar recorde, com 4,8 bilhões de litros
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O consumidor pode preparar
o bolso para um aumento nos
preços do álcool a partir dos
próximos meses. Essa alta deverá ocorrer pela conjugação
de uma série de fatores.
Do lado da oferta, apenas 13
das 35 novas usinas programadas para entrar em operação
neste ano já iniciaram a moagem da cana. Com isso, a moagem do centro-sul, prevista em
495 milhões de toneladas, em
maio, deve recuar para 480 milhões neste ano, segundo a consultoria Datagro.
Do lado da demanda, o consumo interno é crescente, com
a venda cada vez maior de carros flex, que já atinge 87,5% do
total. A demanda externa por
álcool também está aquecida,
devido às altas do petróleo e do
milho, e as exportações brasileiras na safra podem subir para 4,8 bilhões de litros.
O litro do álcool nos postos
de São Paulo é vendido em média a R$ 1,315, segundo pesquisa da Folha, o que representa
54% do preço da gasolina (R$
2,435). Em geral, considera-se
vantajosa a utilização do álcool
quando o preço não ultrapassa
70% do da gasolina.
A oferta mundial de açúcar,
após superávit de 7,9 milhões
de toneladas na safra 2007/8,
deve registrar déficit de 1,7 milhão na safra 2008/9, segundo
a OIC (Organização Internacional do Açúcar).
Além disso, internamente, os
custos desses produtos ficam
ainda mais caros devido a sérios problemas de logística. Os
fretes subiram 24% nesta safra,
em reais, em relação à anterior.
Em dólares, a alta é de 44%.
Isso tudo tem impacto no
mercado e o ajuste entre oferta
e demanda vai ser feito pelos
preços, afirma Plinio Nastari,
presidente da Datagro. Ele
acrescenta que o aumento da
capacidade de estocar álcool
pelas usinas também pode dar
um suporte maior aos preços.
O álcool sobe, mas não de
forma acentuada. Se subir muito, as usinas elevam a produção, segundo ele.
O Brasil, maior fornecedor
mundial, passa a ser referência
para os preços externos. No
início da semana, os preços do
açúcar negociado no mercado
interno superavam em 14,5%
os do primeiro contrato da Bolsa de commodities de Nova
York. Álcool anidro e hidratado
superavam em 35% e 17,1% os
do açúcar, respectivamente.
Diante desse cenário, o açúcar tem fôlego para subir de
15% a 17% em Nova York. O
preço sobe porque não há tanto
açúcar no mercado mundial
como se previa, afirma Nastari.
Os dados sobre o déficit mundial estimados pela OIC podem
ser revistos para cima.
Apesar da boa evolução do
setor no Brasil, o açúcar não
tem sido muito o foco dos produtores. A previsão é de 30 milhões de toneladas neste ano,
volume semelhante aos das safras 2007/8 e 2006/7.
A estabilidade na produção
de açúcar pode limitar as exportações nacionais. Para Nastari, o Brasil deve colocar 18,8
milhões de toneladas no mercado externo, abaixo dos 19,9
milhões de 2006/7 e dos 19,1
milhões de 2007/8.
Já a produção de álcool segue
caminho contrário. Após ter
registrado 17,9 bilhões de litros
em 2006/7, deve atingir 26,7
bilhões nesta safra 2008/9.
Em busca dos consumidores
interno e externo, as usinas do
centro-sul do país já estão destinando 61,1% da cana moída
para a produção de álcool. Na
safra passada, eram 56%. Em
2006/7, apenas 50,5%.
Cana em pé
Das 35 empresas programadas para iniciar operação neste
ano, 4 iniciarão moagem apenas no próximo ano. As outras
18, que ainda entram em operação até outubro, terão participação menor na moagem de cana, que se iniciou em abril.
Com isso, Nastari prevê que
32 milhões de toneladas de cana não serão moídas neste ano.
"Meio Nordeste", afirmou, uma
vez que a moagem das usinas
do Nordeste devem somar 62
milhões de toneladas. A previsão inicial era de 17 milhões de
toneladas em pé.
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