São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2008

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Análise

Acordo deverá ser tímido, mas balanceado

MARCELA CAMPOS
DA REDAÇÃO

Ambições reduzidas, ofertas modestas e poucos avanços. Segundo analistas de comércio internacional, essas são as expectativas para a reunião ministerial em Genebra.
Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington, diz que, considerando os documentos à mesa, a ambição inicial foi muito reduzida.
Segundo ele, também presidente do Conselho de Relações Internacionais da Fiesp, é "inaceitável" para o Brasil a atual proposta dos acordos setoriais -automobilístico, químico, de brinquedos e informática. Para Barbosa, deveriam ser negociados setor a setor, não com uma lista fechada, só com áreas de interesse de EUA e UE.
Marcos Jank, presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), avalia que está em jogo um acordo tímido, mas balanceado, que tende a ser positivo para o Brasil. Para ele, é "absolutamente fundamental" reduzir a lista dos produtos sensíveis de países ricos -classificação para bens menos competitivos e que sofrem menor redução tarifária.
"Há sinais de que vão tratar o álcool como produto sensível. Se for assim, vamos querer uma megacota, baseada no que o mercado irá consumir nos próximos dez anos." Se a cota não for generosa, Jank cogita meios contenciosos -via OMC- ou acordos regionais.
Para André Nassar, presidente do Icone (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais), é necessário terminar as negociações neste momento. "Jogar para a frente não significa que vamos conseguir resultados melhores. Pode até acontecer o contrário."
Nassar avalia que houve redução dos níveis de ambição, com a acomodação dos problemas de cada país negociador. Na análise dele, os principais ganhos serão: disciplinamento dos subsídios dos EUA, melhor acesso a mercados europeus (cotas mais generosas) e redução de tarifas de países como Japão. Mas deixa a desejar a pequena abertura de países em desenvolvimento que possuem muitos "interesses defensivos", como Índia e China -diferentemente do Brasil.
A mesma avaliação tem Pedro de Camargo Neto, da Abipecs (da indústria da carne suína). Para ele, o impasse está centrado em EUA, Índia e Argentina. "A proposta do governo brasileiro, que sinalizou avanço modesto para a agricultura com contrapartida modesta em tarifas industriais, foi bem aceita pelo setor privado. A decisão não está com o Brasil."


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