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Análise
Acordo deverá ser tímido, mas balanceado
MARCELA CAMPOS
DA REDAÇÃO
Ambições reduzidas,
ofertas modestas e poucos
avanços. Segundo analistas de comércio internacional, essas são as expectativas para a reunião ministerial em Genebra.
Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em
Washington, diz que, considerando os documentos
à mesa, a ambição inicial
foi muito reduzida.
Segundo ele, também
presidente do Conselho de
Relações Internacionais
da Fiesp, é "inaceitável"
para o Brasil a atual proposta dos acordos setoriais -automobilístico,
químico, de brinquedos e
informática. Para Barbosa,
deveriam ser negociados
setor a setor, não com uma
lista fechada, só com áreas
de interesse de EUA e UE.
Marcos Jank, presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), avalia que está em jogo um acordo tímido, mas
balanceado, que tende a
ser positivo para o Brasil.
Para ele, é "absolutamente
fundamental" reduzir a
lista dos produtos sensíveis de países ricos -classificação para bens menos
competitivos e que sofrem
menor redução tarifária.
"Há sinais de que vão
tratar o álcool como produto sensível. Se for assim,
vamos querer uma megacota, baseada no que o
mercado irá consumir nos
próximos dez anos." Se a
cota não for generosa,
Jank cogita meios contenciosos -via OMC- ou
acordos regionais.
Para André Nassar, presidente do Icone (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais), é necessário terminar as negociações neste momento. "Jogar para a
frente não significa que
vamos conseguir resultados melhores. Pode até
acontecer o contrário."
Nassar avalia que houve
redução dos níveis de ambição, com a acomodação
dos problemas de cada
país negociador. Na análise dele, os principais ganhos serão: disciplinamento dos subsídios dos
EUA, melhor acesso a
mercados europeus (cotas
mais generosas) e redução
de tarifas de países como
Japão. Mas deixa a desejar
a pequena abertura de países em desenvolvimento
que possuem muitos "interesses defensivos", como Índia e China -diferentemente do Brasil.
A mesma avaliação tem
Pedro de Camargo Neto,
da Abipecs (da indústria
da carne suína). Para ele, o
impasse está centrado em
EUA, Índia e Argentina. "A
proposta do governo brasileiro, que sinalizou avanço modesto para a agricultura com contrapartida
modesta em tarifas industriais, foi bem aceita pelo
setor privado. A decisão
não está com o Brasil."
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