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Usina Angra 3 terá licença ambiental prévia hoje
Construção estava suspensa havia mais de 22 anos
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a construção suspensa
há mais de 22 anos e depois de
muita polêmica, a usina nuclear de Angra 3 ganhará hoje a
licença ambiental prévia do
Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renovável). O documento precede a autorização
do órgão ambiental para a retomada das obras.
A lista de condições impostas
à concessão da licença foi revista ontem, por determinação do
ministro Carlos Minc (Meio
Ambiente), histórico adversário da geração de energia nuclear. Minc entrou no governo
sabendo que o debate sobre retomar a obra estava encerrado
e se declarou "voto vencido".
De acordo com o ministro,
haverá 61 condições a serem
cumpridas pela Eletronuclear
(estatal federal responsável pela usina). "As exigências serão
as mais duras possíveis." Ele citou como exigências a "adoção"
do Parque Nacional da Serra da
Bocaina (RJ) e da estação ecológica de Tamoios (RJ), a apresentação de destino final para o
lixo a ser produzido pela usina e
o monitoramento independente da radioatividade.
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) prevê
para 2014 a entrada em operação da terceira usina nuclear
brasileira, com potência de
1.350 MW (megawatts). A conclusão da obra deverá consumir
R$ 7,33 bilhões, de acordo com
estudo encomendado pelo governo à consultoria suíça Colenco, além de cerca de R$ 1,5
bilhão já gasto desde o início do
projeto, em 1984. Parte do custo decorre da manutenção de 13
mil toneladas de equipamentos
comprados no passado.
Com a licença prévia liberada
pelo Ibama, o Ministério de Minas e Energia vai autorizar formalmente a renegociação dos
contratos com a empreiteira
Andrade Gutierrez para as
obras civis e com a multinacional francesa Areva, que fornecerá a maior parte dos equipamentos, além de contratos com
outros fornecedores nacionais
menores. Segundo a Eletronuclear, a renegociação dos contratos pode durar três meses.
Ontem, durante reunião do
CNPE (Conselho Nacional de
Política Energética), o ministro
Edison Lobão (Minas e Energia) apresentou estudo apontando vantagem na conclusão
de Angra 3 em relação à construção de uma usina nuclear
com tecnologia mais recente.
A decisão de concluir a construção de Angra 3, tomada no
ano passado, depois de vários
adiamentos, faz parte da retomada do Programa Nuclear
Brasileiro, estimulada pela alta
do preço do petróleo no mercado internacional e pelo debate
sobre o aquecimento global.
As duas primeiras usinas nucleares do país respondem por
2,5% da energia elétrica consumida no Brasil.
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