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Para especialistas em educação, acordo foi alternativa "palatável" para a disputa
DA SUCURSAL DO RIO
Para especialistas consultados pela Folha, prevaleceu o
bom senso de ambos os lados
no momento de fechar o acordo e acabar com o embate entre
o Ministério da Educação e as
entidades do sistema S.
Para o educador Arnaldo
Niskier, ex-secretário de Educação do Rio de Janeiro e
membro da Academia Brasileira de Letras, o termo de compromisso assinado ontem é
"palatável" para os dois lados.
"Foi um final feliz. Eu considerei equivocada a posição do
MEC de querer seqüestrar os
bens do sistema S, mas o importante agora é destacar que
houve bom senso e cordialidade na negociação. O governo
ganhará milhares de vagas gratuitas no ensino técnico profissional e o Sistema S não terá
nenhuma perda substancial de
recursos", diz Niskier.
Ele destaca também como
outro aspecto positivo evitar
que o projeto de lei tramitasse
pela Câmara e pelo Senado.
"Não passar pelo Congresso,
nesse caso, é um ganho para a
democracia, já que o Congresso
aproveitaria, como sempre faz,
para acrescentar alguns aspectos à lei que poderiam ser trágicos. Em termos operacionais,
foi uma decisão muito inteligente. O país está crescendo e
tem necessidade urgente de
formação de recursos humanos", afirmou.
O consultor João Batista
Araújo e Oliveira, presidente
do Instituto Alfa e Beto, também considera que o acordo foi
uma boa saída para a disputa
que o ministério e as entidades
estavam travando, mas lamenta o fato de não terem sido discutidas questões importantes
sobre a formação técnica.
"A disputa acabou sendo por
dinheiro e poder e perdemos
mais uma vez a oportunidade
de discutir que tipo de mão-de-obra deve ser formada. Esse era
o debate importante, mas que
deixamos de fazer", diz Oliveira, ex-secretário-executivo do
MEC. De acordo com ele, a formação profissional hoje é apenas um "apêndice do ensino
médio" e está desvinculada da
formação profissional de que o
país necessita. Ele cita como
exemplo a carência na formação de recursos humanos para
o setor de serviços.
"Ainda damos a muitos alunos a mesma formação que o
presidente Lula recebeu [como
aluno do curso de torneiro mecânico do Senai]. No mundo inteiro, no entanto, o setor que
mais se expande é o de serviços, que tem necessidade de
garçons, trabalhadores de telemarketing, vendedores..."
Oliveira critica ainda o fato
de em muitas escolas técnicas
-inclusive federais- a formação estar desvinculada do mercado de trabalho. "Se pegarmos
vários Cefets [Centros Federais de Educação Tecnológica],
quase todo mundo vai depois
para a universidade. É um curso excelente, mas muitas vezes
dado por professores que têm
horror de fábrica."
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