|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DINHEIRO NO BOLSO
Mais de 1 milhão de trabalhadores com data-base no 2º semestre obtém reajuste igual ou acima do INPC
"Elite" trabalhadora consegue aumento real
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os reajustes salariais concedidos no segundo semestre à chamada "elite" dos trabalhadores do
país -formada por categorias
como metalúrgicos, petroleiros e
bancários- conseguiram zerar
ou superar a inflação acumulada
nos últimos 12 meses.
O resultado faz parte de levantamento realizado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), a pedido da Folha, e leva em
conta 15 acordos feitos por 12 categorias profissionais com data-base entre julho e novembro.
No conjunto, essas categorias
reúnem 2 milhões de trabalhadores e representam 7% da mão-de-obra do mercado formal de trabalho do país -ou quase um quinto
dos empregados com carteira assinada no Estado de São Paulo.
Nos 15 acordos salariais analisados, em 8 (53%) houve recuperação do poder de compra com reajustes iguais ou superiores ao
INPC (Índice Nacional de Preços
ao Consumidor) do IBGE. Esses
oito acordos beneficiam 1,162 milhão de trabalhadores, ou 58%
dos que fecharam negociação no
segundo semestre.
O indicador é o mais usado nas
negociações salariais e serve de referência para reajustes do salário
mínimo e benefícios previdenciários desde 1979, quando começou
a ser calculado.
"O cenário mudou no segundo
semestre. Os juros caíram, o câmbio ficou estável, houve recuo do
risco Brasil e da inflação, além de
sinais de recuperação em algumas
atividades, principalmente no setor industrial", diz o economista
José Silvestre Prado de Oliveira,
supervisor de atendimento técnico do Dieese. Esses fatores, aliados à ação sindical dessas categorias, contribuíram para a melhora
nas negociações salariais em relação ao primeiro semestre, diz.
De janeiro a junho deste ano, o
Dieese registrou o pior resultado
nas negociações desde o Plano
Real, quando o governo encerrou
a política que garantia reposição
automática das perdas da inflação. Em 54% dos 149 acordos firmados nesse período não se conseguiu sequer zerar a variação do
INPC nos 12 meses anteriores a
cada data-base.
"Apesar de as amostras pesquisadas serem diferentes [no primeiro e no segundo semestres],
os resultados são significativos
por reunirem informações de categorias consideradas com mais
poder de fogo nas negociações e
que influenciam as demais", diz
Oliveira. O Dieese deve divulgar
só em 2004 o balanço completo
dos acordos feitos neste ano.
O melhor aumento conseguido
entre as categorias consideradas
mais tradicionais -metalúrgicos, químicos, bancários e petroleiros- foi o dos trabalhadores
das montadoras paulistas: 2% de
aumento real.
"A redução do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]
concedida às montadoras e as
medidas de incentivo ao crédito
adotadas pelo governo permitiram melhora nas vendas, o que facilitou as negociações", diz Adi
dos Santos Lima, presidente da
Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT. As vendas de veículos no mercado interno aumentaram 12,6% no mês passado em relação a setembro e atingiram o nível mais alto em um ano e meio.
A tradição sindical também pesou na negociações. O sindicalista
lembra que o resultado foi conseguido após várias greves nas
montadoras do ABC paulista.
Entre as categorias menos tradicionais, conseguiram melhores
reajustes as que estão relacionadas a atividades exportadoras.
Caso dos empregados do setor de
papel e papelão, considerado o
termômetro da economia.
Texto Anterior: Receita: 8 milhões de isentos não fizeram declaração Próximo Texto: Redução do desemprego ainda é dúvida Índice
|