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Redução do desemprego ainda é dúvida
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de as condições serem mais favoráveis para a
reposição da inflação nos salários dos trabalhadores, os
economistas ainda têm dúvidas se a taxa de desemprego -hoje ao redor de 13%,
segundo o IBGE- vai diminuir em 2004.
Não é só o número de vagas criadas que influencia a
taxa de desemprego, mas
também a variação da PEA
(População Economicamente Ativa), formada por
pessoas empregadas ou sem
emprego.
Se mais pessoas procuram
emprego, a PEA cresce, o
que pode pressionar a taxa
de desemprego, caso o número de vagas não evolua na
mesma proporção.
"A taxa de desemprego só
cairá quando o número de
vagas criadas superar o de
pessoas que procuram emprego a cada mês", diz Francisco Pessoa Faria, economista da LCA Consultores.
O aumento da oferta de vagas vai depender do ânimo
de alguns setores da economia para investir. As indústrias que estão operando
mais próximo do limite da
capacidade, como as de papel e celulose e de siderurgia,
já demonstraram intenção
de expandir os seus negócios. Mas ninguém consegue
prever ainda se esses investimentos vão gerar muito ou
pouco emprego.
Para Luís Henrique Suzigan, economista-chefe da
LCA Consultores, a capacidade da indústria de bens de
capital e de bens intermediários -as mais dispostas em
investir em 2004- de criar
emprego é limitada.
"Vale lembrar que o setor
industrial agrega apenas
17,5% da mão-de-obra empregada nas seis principais
regiões metropolitanas do
Brasil [dado do IBGE]", diz.
Os investimentos anunciados por empresas desses setores, diz, são para reposição
de máquinas, e não para ampliação de capacidade instalada, o que reduz a possibilidade de criar novas vagas.
"Acredito que só a partir de
2005 o país vá ter condições
para criar mais empregos."
Qualidade
Apesar de haver expectativa de melhora no mercado
de trabalho em 2004, o economista do Dieese José Silvestre de Oliveira Prado diz
que é preciso ver o tipo de
emprego que será criado. "O
que tem ocorrido é o aumento do trabalho informal,
com renda e condições de
trabalho mais precárias. O
que tem crescido no país é o
emprego de baixa qualidade,
como o doméstico e o autônomo", afirma.
Nos nove primeiros meses
de 2003, o número de trabalhadores informais se igualou ao de empregados formais, segundo o IBGE.
Com o aumento das contratações sem carteira e por
conta própria, o número de
trabalhadores informais
atingiu 42,7% do total de
empregados em setembro
-em janeiro de 2003, o percentual era de 40,9%. O número de trabalhadores com
carteira chegou a 43,6%.
(FF e CR)
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