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VarigLog tem dívidas de R$ 204 mi, diz consultoria
Matlin Patterson diz que débito é herança de má administração de sócios brasileiros
Audi admite endividamento na sua gestão, mas diz que dívidas foram conseqüência do bloqueio de recursos
da VarigLog pelo Matlin
MARINA GAZZONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Apesar dos altos gastos da
VarigLog no pagamento de honorários de advogados e despesas processuais, a empresa enfrenta dificuldades financeiras
e acumula cerca de R$ 204 milhões em dívidas. As informações são de um relatório da
L&A Consultores Associados,
elaborado no dia 4 de março
deste ano a pedido do então interventor judicial da VarigLog,
José Carlos Rocha Lima.
Segundo o relatório, o principal passivo da companhia é
com fornecedores brasileiros,
de R$ 73 milhões. As dívidas
tributárias vêm em segundo lugar, com um total de R$ 65,8
milhões entre débitos de FGTS,
Pis/Cofins, INSS e ICMS.
O laudo contabiliza também
débitos com fornecedores estrangeiros (R$ 44 milhões),
operações de leasing (R$ 42,8
milhões), dívidas com o fundo
de pensão Aerus (R$ 21 milhões) e com o banco Itaú (R$
4,5 milhões), valor requerido
judicialmente pela Gol (R$ 8
milhões) e rescisões contratuais (R$ 908 mil).
Procurada pela Folha, a VarigLog não quis se pronunciar.
O fundo norte-americano Matlin Patterson, atual gestor da
companhia, não soube informar o valor atual da dívida.
O Matlin admite que a empresa possui dívidas, mas afirma que elas são resultado da
má gestão dos sócios brasileiros -Marco Antonio Audi,
Marcos Haftel e Luiz Eduardo
Gallo- entre julho de 2007 e
fevereiro deste ano. Segundo o
fundo, a empresa está em processo de reestruturação e negocia com os credores formas de
quitar os débitos.
"Até quando o fundo esteve
junto na administração da VarigLog, todas as contas estavam
sendo pagas em dia, ou seja,
funcionários, tributos, FGTS,
advogados. A partir de julho de
2007, os sócios que administravam a VarigLog deixaram de
pagar os fornecedores, prestadores de serviços, incluindo o
escritório Teixeira, Martins &
Advogados, tributos e, principalmente, os funcionários," informou o fundo em nota.
Audi admite que a VarigLog
se endividou durante a gestão
dos sócios brasileiros. Segundo
ele, o motivo foi o bloqueio dos
recursos da empresa pelo Matlin Patterson. "A companhia
estava morrendo com US$ 170
milhões no caixa, travados por
esse chinês [Lap Chan, sócio do
Matlin]", disse Audi.
De acordo com ele, a falta de
recursos obrigou os gestores a
priorizar gastos, como o pagamento de combustível, de salários e de escritórios de advocacia. Audi disse que a VarigLog
pagou US$ 5 milhões ao escritório de Roberto Teixeira e R$
4,4 milhões ao de Alexandre
Thiollier.
Ativos
Apesar das dívidas, a Va-
rigLog dispõe de US$ 85 milhões bloqueados em conta em
banco na Suíça. A empresa
também detém 4,2 milhões de
ações da Gol, recebidas como
parte do pagamento pela venda
da Varig à Gol, que também estão bloqueadas pela Justiça.
O Matlin não informou qual
o valor da empresa hoje. Audi
disse que a VarigLog valia US$
2,2 bilhões em dezembro do
ano passado. "Foi com muita
surpresa que soube pela imprensa que Lap Chan está oferecendo a VarigLog por um total de US$ 720 milhões," diz.
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