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Investimentos externos também devem aumentar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pessimismo em torno das
contas externas não chegou aos
investimentos estrangeiros diretos. Ao contrário, o Banco
Central revisou a projeção de
ingresso de capital estrangeiro
no setor produtivo para o ano
de US$ 32 bilhões para US$ 35
bilhões, valor que será recorde
se vier a se confirmar.
Em maio, os investimentos
estrangeiros diretos somaram
US$ 1,3 bilhão. No acumulado
dos cinco primeiros meses do
ano, somam US$ 14 bilhões.
No ano passado, os investimentos estrangeiros no setor
produtivo foram recorde, de
US$ 34,5 bilhões. Antes da revisão, o BC esperava ligeira queda neste ano, por causa da crise
financeira internacional que
afetou as decisões de investimento das multinacionais.
Maurício Oreng, analista da
Itaú Corretora, lembra que,
mesmo em crise, as empresas
estrangeiras perceberam que o
crescimento econômico torna
o Brasil um bom mercado para
investir. "Para fazer negócio no
Brasil, as empresas não precisam de tanto dinheiro. Os Brics
(grupo de países formado por
Brasil, Rússia, Índia e China)
são baratos, principalmente a
mão-de-obra", afirma.
Júlio Gomes de Almeida,
consultor do Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento Industrial) e ex-secretário de Política Econômica do
Ministério da Fazenda, concorda com a projeção do BC de investimento direto para este
ano. Ele comenta que a indústria e a construção civil foram
os setores que mais atraíram o
capital estrangeiro.
Segundo dados do Iedi, de janeiro a maio os investimentos
externos na indústria cresceram 40,3%, para US$ 5,5 bilhões. O ingresso de capital estrangeiro para financiar a construção civil aumentou 182%,
somando US$ 529 milhões.
O ex-secretário lamenta o
ritmo lento de investimentos
estrangeiros no setor de serviços, que registrou crescimento
de 8,4% nos cinco primeiros
meses deste ano, somando US$
6,6 bilhões. As principais deficiências, diz Almeida, são nos
setores de telefonia, que registrou ingresso de capital estrangeiro de US$ 90 milhões de janeiro a maio deste ano, contra
US$ 280 milhões no ano passado, e energia, com ingresso de
US$ 245 milhões neste ano
(US$ 260 milhões em 2007).
"Ao contrário da indústria e
da construção, o setor de serviços vai mal. Ainda não convencemos os estrangeiros nesse
ponto. Falta infra-estrutura
para atrair esses investimentos", alerta Almeida.
O maior crescimento dos investimentos diretos, segundo o
Iedi, foi na agricultura, pecuária e mineração, de 61,1% nos
cinco primeiros meses do ano.
Gomes de Almeida lembra,
porém, que o volume de investimentos externos nesse setor
ainda é baixo. De janeiro a
maio, o ingresso de capital estrangeiro nessa área somou
US$ 1,6 bilhão, puxado por investimentos na produção de
minérios e metálicos.
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