São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2008

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Indústria e centrais atacam decisão e pedem corte de gastos

DA REDAÇÃO

Indústria, comércio e centrais sindicais criticaram a alta dos juros e apontaram a redução dos gastos do governo como forma mais eficaz de combater a inflação sem prejudicar o desenvolvimento do país.
Para o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto, "em um ambiente de incerteza inflacionária, a política monetária gradual é mais eficaz para coordenar as expectativas de elevação dos preços". A redução dos gastos governamentais é considerada por ele uma "ação crucial" nesse processo.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) diz que a gestão das políticas monetária e fiscal deve ser compartilhada. "Quando isso não existe, o custo para a sociedade acaba sendo muito maior. De que adianta subir juro se o governo não controla o gasto público?", diz Paulo Skaf, presidente. Para ele, há "um quadro surreal de política econômica".
Já a Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de SP) prevê que será "o fim de um período de crescimento robusto do PIB para o retorno aos desempenhos medíocres, iguais ou inferiores a 3% ao ano, a partir de 2009". Para a entidade, a inflação "é uma doença que precisa ser controlada, mas o remédio não pode ser apenas a elevação dos juros, e muito menos numa dose cavalar". Segundo a Fecomercio, "o governo deveria ter aproveitado a bonança para fazer uma política de contenção dos gastos".
Alencar Burti, presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), chama a atenção ainda para os efeitos no câmbio. "A valorização do real já está afetando negativamente a balança comercial", afirma.
Destoando das demais entidades, a Acrefi (associação das financeiras) elogia "o comprometimento do BC em combater a inflação de modo implacável". Para a entidade, a elevação dos juros é "essencial para conter pressões de demanda e trazer a inflação para o centro da meta já no próximo ano". "É preciso um arrocho forte na economia, mesmo que doa a curto prazo", afirma o conselheiro econômico da Acrefi, Istvan Kasznar.
O presidente do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil de SP), João Claudio Robusti, avalia que "desta vez foi um exagero". Ele afirma que o novo aumento dos juros pode afetar o desempenho da construção civil neste ano e compromete as projeções de crescimento para 2009.

Sindicalistas
Para os sindicalistas, a decisão do Copom dificultará as negociações salariais e trará "efeitos danosos" à economia e ao emprego. "Manifestamos nosso repúdio a esse aumento cavalar da Selic decidido pelo governo sob a alegação de que é preciso estancar a aceleração do processo inflacionário, reduzindo a demanda", diz João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força Sindical.
"A pressão inflacionária sobre os alimentos, que pune mais os assalariados, deve ser combatida com o fortalecimento do apoio à agricultura familiar, pela ampliação da oferta e dos prazos do crédito e pela garantia de preços mínimos e de assistência técnica, entre outras medidas", diz Artur Henrique, presidente da CUT.


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