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Indústria e centrais atacam decisão e pedem corte de gastos
DA REDAÇÃO
Indústria, comércio e centrais sindicais criticaram a alta
dos juros e apontaram a redução dos gastos do governo como forma mais eficaz de combater a inflação sem prejudicar
o desenvolvimento do país.
Para o presidente da CNI
(Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro
Neto, "em um ambiente de incerteza inflacionária, a política
monetária gradual é mais eficaz
para coordenar as expectativas
de elevação dos preços". A redução dos gastos governamentais é considerada por ele uma
"ação crucial" nesse processo.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) diz que a gestão das políticas
monetária e fiscal deve ser
compartilhada. "Quando isso
não existe, o custo para a sociedade acaba sendo muito maior.
De que adianta subir juro se o
governo não controla o gasto
público?", diz Paulo Skaf, presidente. Para ele, há "um quadro
surreal de política econômica".
Já a Fecomercio (Federação
do Comércio do Estado de SP)
prevê que será "o fim de um período de crescimento robusto
do PIB para o retorno aos desempenhos medíocres, iguais
ou inferiores a 3% ao ano, a partir de 2009". Para a entidade, a
inflação "é uma doença que
precisa ser controlada, mas o
remédio não pode ser apenas a
elevação dos juros, e muito menos numa dose cavalar". Segundo a Fecomercio, "o governo
deveria ter aproveitado a bonança para fazer uma política
de contenção dos gastos".
Alencar Burti, presidente da
ACSP (Associação Comercial
de São Paulo), chama a atenção
ainda para os efeitos no câmbio. "A valorização do real já está afetando negativamente a
balança comercial", afirma.
Destoando das demais entidades, a Acrefi (associação das
financeiras) elogia "o comprometimento do BC em combater
a inflação de modo implacável".
Para a entidade, a elevação dos
juros é "essencial para conter
pressões de demanda e trazer a
inflação para o centro da meta
já no próximo ano". "É preciso
um arrocho forte na economia,
mesmo que doa a curto prazo",
afirma o conselheiro econômico da Acrefi, Istvan Kasznar.
O presidente do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da
Construção Civil de SP), João
Claudio Robusti, avalia que
"desta vez foi um exagero". Ele
afirma que o novo aumento dos
juros pode afetar o desempenho da construção civil neste
ano e compromete as projeções
de crescimento para 2009.
Sindicalistas
Para os sindicalistas, a decisão do Copom dificultará as negociações salariais e trará "efeitos danosos" à economia e ao
emprego. "Manifestamos nosso repúdio a esse aumento cavalar da Selic decidido pelo governo sob a alegação de que é
preciso estancar a aceleração
do processo inflacionário, reduzindo a demanda", diz João
Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força Sindical.
"A pressão inflacionária sobre os alimentos, que pune
mais os assalariados, deve ser
combatida com o fortalecimento do apoio à agricultura familiar, pela ampliação da oferta e
dos prazos do crédito e pela garantia de preços mínimos e de
assistência técnica, entre outras medidas", diz Artur Henrique, presidente da CUT.
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