São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2008

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análise

BC vê pressão maior e mira meta de 2009

DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão do Copom de elevar a taxa básica Selic de 12,25% para 13% surpreendeu boa parte do mercado, que contava com uma alta de 0,50 ponto.
Com a intensificação do aperto, o BC sinalizou que as pressões inflacionárias podem ser maiores que o esperado, avaliam analistas de mercado.
"Ao decidir por reforçar o ritmo de alta agora, optando por unanimidade pelo aumento de 0,75 ponto, o BC indica que deverá manter esse nível de aperto em sua próxima reunião. Ao tomar essa decisão, o Copom criou uma grande incerteza sobre até onde irá o aperto monetário", afirma José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
Para Elson Telles, economista da corretora Concórdia, o BC demonstrou uma preocupação maior com a piora nas expectativas de inflação para 2009.
"O Copom reafirma o compromisso de perseguir o centro da meta já para 2009. A decisão deverá contribuir para resguardar a credibilidade da instituição e reforçar a ancoragem de expectativas."
"O Copom indicou que está considerando o choque de preços mais intenso do que se imaginava. E o mercado vai ter de rever suas expectativas para os juros e a inflação futura", diz Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Gradual Corretora.
O economista Marcio Holland, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), afirma que não se surpreendeu com a decisão do Copom porque a pressão nos preços está muito forte e a expectativa de inflação já havia rompido o teto da meta, de 6,5% -nesta semana, o mercado elevou para 6,53% a sua previsão para o IPCA.
Holland lamenta, no entanto, que a decisão não tenha sido acompanhada de medidas complementares, como a elevação do compulsório. "Poderia combinar políticas como o compulsório, que reforça a eficácia do aumento de juros e atinge diretamente o crédito. O aumento nos juros sozinho vai afetar o crédito no ano que vem. Parece-me que o BC está mais preocupado com 2009. Talvez já tenha abandonado neste ano."
Para Gonçalves, o mercado viverá hoje um dia de fortes ajustes, especialmente no mercado futuro de juros da BM&F. As projeções dos bancos também devem ser alteradas. A última pesquisa Focus do Banco Central mostrou que o mercado contava com a taxa Selic em 14,25% no fim do ano. A expectativa é que essa previsão seja elevada, ao menos para 14,75%. (FV e TS)


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