São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2008

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Lula pede redução de subsídios americanos na Rodada Doha

LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que se não houver uma "efetiva diminuição" dos subsídios americanos e uma flexibilização do mercado agrícola europeu, a Rodada Doha terminará sem acordo, e "cada um que arque com sua responsabilidade".
"Eu acho que tanto os americanos, quanto os europeus estão habituados a um tempo em que não havia negociação. Eles impunham aquilo que eles queriam e os outros eram obrigados a aceitar", reclamou, em entrevista no Itamaraty, após almoço com o primeiro-ministro de Trinidad e Tobago, Patrick Manning.
O presidente disse que os ricos devem levar em conta a "existência" dos países emergentes e defendeu, diante da crise dos alimentos, a necessidade de incentivar a produção de comida em larga escala, inclusive nos países mais pobres. "E é preciso que haja perspectiva de mercado para eles venderem os seus produtos. Isso, para mim, está muito claro."
Apesar das críticas e das cobranças aos países ricos, Lula se descreveu como o "mais otimista dos dirigentes do mundo" sobre a possibilidade de sair acordo na Rodada Doha. Ele vinculou o combate ao terrorismo e a perseguição aos imigrantes a um desenvolvimento dos países mais pobres.
"E isso, necessariamente, passa por um bom acordo na Rodada Doha, em que os europeus flexibilizem o mercado de agricultura, para que os países pobres possam vender os seus produtos, que os Estados Unidos reduzam os seus subsídios, e que nós, do G20, façamos uma flexibilização na questão de produtos industriais. Nós já demos demonstrações a eles de que estamos dispostos a fazer isso, mas eu acho que eles sempre acham que os países emergentes têm que se subordinar à lógica e à teoria deles."
Lula minimizou a polêmica em torno da declaração do chanceler Celso Amorim, que citou um ministro nazista no sábado, ao afirmar que os países ricos usam a desinformação para não fazerem a sua parte nas negociações da Rodada Doha. "O Celso Amorim é um extraordinário negociador e, portanto, eu penso que nós estamos em boas mãos".


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