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Lula pede redução de subsídios americanos na Rodada Doha
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que
se não houver uma "efetiva diminuição" dos subsídios americanos e uma flexibilização do
mercado agrícola europeu, a
Rodada Doha terminará sem
acordo, e "cada um que arque
com sua responsabilidade".
"Eu acho que tanto os americanos, quanto os europeus estão habituados a um tempo em
que não havia negociação. Eles
impunham aquilo que eles queriam e os outros eram obrigados a aceitar", reclamou, em
entrevista no Itamaraty, após
almoço com o primeiro-ministro de Trinidad e Tobago, Patrick Manning.
O presidente disse que os ricos devem levar em conta a
"existência" dos países emergentes e defendeu, diante da
crise dos alimentos, a necessidade de incentivar a produção
de comida em larga escala, inclusive nos países mais pobres.
"E é preciso que haja perspectiva de mercado para eles venderem os seus produtos. Isso, para mim, está muito claro."
Apesar das críticas e das cobranças aos países ricos, Lula se
descreveu como o "mais otimista dos dirigentes do mundo" sobre a possibilidade de
sair acordo na Rodada Doha.
Ele vinculou o combate ao terrorismo e a perseguição aos
imigrantes a um desenvolvimento dos países mais pobres.
"E isso, necessariamente,
passa por um bom acordo na
Rodada Doha, em que os europeus flexibilizem o mercado de
agricultura, para que os países
pobres possam vender os seus
produtos, que os Estados Unidos reduzam os seus subsídios,
e que nós, do G20, façamos uma
flexibilização na questão de
produtos industriais. Nós já demos demonstrações a eles de
que estamos dispostos a fazer
isso, mas eu acho que eles sempre acham que os países emergentes têm que se subordinar à
lógica e à teoria deles."
Lula minimizou a polêmica
em torno da declaração do
chanceler Celso Amorim, que
citou um ministro nazista no
sábado, ao afirmar que os países ricos usam a desinformação
para não fazerem a sua parte
nas negociações da Rodada Doha. "O Celso Amorim é um extraordinário negociador e, portanto, eu penso que nós estamos em boas mãos".
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