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Parceria com
ingleses foi o
pontapé inicial
DA REPORTAGEM LOCAL
Convencido por um amigo a
explorar os free shops no Brasil, o
empresário Jonas Barcellos Corrêa Filho, 68, conta que domina o
negócio porque montou uma estrutura em parceria com a multinacional inglesa Allders.
Diz que detém o know-how
porque, apesar de perder dinheiro no negócio, não desistiu. No
Egito, perdeu US$ 7 milhões após
levar um "tombo" dos árabes.
A Brasif, que nasceu em Minas
Gerais em 1965 como uma distribuidora de aço da Belgo Mineira,
atua hoje em diferentes setores
-empreendimentos imobiliários, aluguel de máquinas pesadas, criação e desenvolvimento
genético de gado Nelore.
Corrêa Filho foi sócio de Flávio
Pentagna Guimarães, dono do
banco BMG, de Minas. Um dos
seus mais recentes negócios é a
Brex America, em sociedade com
o ex-secretário da Camex Roberto
Giannetti da Fonseca (dono da Silex Trading) e o empresário Werner Batista. Com escritórios em
Miami e Boston, a empresa distribui produtos brasileiros em supermercados americanos.
A seguir, trechos da entrevista
de Corrêa Filho.
(FF e CR)
Folha - Como o sr. conseguiu o
monopólio do negócio no Brasil?
Jonas Barcellos Corrêa Filho -
Quando entramos na concorrência em São Paulo, ninguém queria
saber disso. Agora todo mundo
quer. É muito difícil a concorrência. Montamos uma estrutura no
exterior há muitos anos, com a
ajuda da empresa que tinha experiência e dominava na Inglaterra
o negócio dos duty-frees, a Allders. No início, os ingleses queriam "engolir" a gente, mas acertamos o negócio com 60% nosso e
40% deles. Perdemos dinheiro. O
Brasil entrou em crise, e a Allders
nos deu crédito no mundo. Criamos um relacionamento extraordinário com os fornecedores,
com um volume de compras de
peso. Conseguimos dar continuidade aos negócios e comprar a
participação da Allders.
Folha - Qual o faturamento dos
duty-frees no Brasil?
Corrêa Filho - Prefiro não dizer.
Nossa previsão de faturamento
do grupo todo para este ano, incluindo todos os negócios, é da
ordem de US$ 280 milhões. No
mundo, o faturamento das empresas operadoras de duty-frees é
de US$ 20 bilhões por ano, dos
quais US$ 9 bilhões vêm de lojas
instaladas nos embarques e desembarques de aeroportos. O restante, de free shops instalados em
navios, trens e lojas de fronteira.
Folha - A Receita faz uma fiscalização rigorosa?
Corrêa Filho - Vocês não têm
idéia de como somos fiscalizados.
E exijo isso também do nosso pessoal. Quando reclamam da fiscalização, falo para eles: "Nós temos
de ser mais chatos do que eles,
pois isso é segurança para mim e
para todo mundo". Quando um
contêiner de mercadorias chega,
eles conferem item por item e
acompanham a transferência das
mercadorias até as lojas.
Folha - Como o sr. consegue se
manter durante tanto tempo sozinho no negócio?
Corrêa Filho - Participamos de
concorrência pública feita pela
Receita Federal e pela Infraero.
Quando há reformas e mudanças
nos aeroportos, há prorrogação
dos contratos para amortizar os
investimentos. Em São Paulo,
nosso contrato vai até 2014. Foi
feito um acordo com a AGU [Advocacia Geral da União] depois
que entramos na Justiça, quando
foi construído o segundo terminal
de Guarulhos. No acordo, foi reconhecido o nosso direito de desdobrar a atividade para esse segundo terminal.
Folha - O sr. explora esse negócio
fora do país?
Corrêa Filho - Entramos no Cairo
[Egito] há cerca de 20 anos. Ficamos lá durante dois anos. Mas tomamos um "tombo" dos árabes e
perdemos US$ 7 milhões.
Folha - O que ocorreu?
Corrêa Filho - Os árabes nos
enrolaram. Pagávamos um percentual sobre o número de passageiros. Mas, após vários investimentos, nos transferiram de terminal. Em vez de chegarem vôos
internacionais, como estava previsto inicialmente, houve mudanças. Transferiram os árabes e vôos
domésticos para o nosso terminal. Havia mais árabes do que turistas. Ninguém comprava, e o
número de passageiros aumentou. O percentual pago também.
Folha - O sr. planeja disputar outras concorrências?
Corrêa Filho - Estou interessado
em Miami [EUA], onde já temos
um escritório e depósito. Vai ser
aberta [a concorrência] no início
de o ano que vem. Mas o edital
ainda não saiu.
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