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VIZINHO EM CRISE
Depósitos na Argentina só poderão ser sacados após publicação da medida, prevista para dezembro
Liberação de saques ainda deve demorar mais uma semana
DE BUENOS AIRES
Os argentinos terão que esperar
mais uma semana para sacar os
depósitos a vista -conta corrente
e poupança- que estão congelados nos bancos. Na sexta-feira, o
ministro Roberto Lavagna (Economia) anunciou que os recursos
estariam liberados a partir de
amanhã, mas a liberação depende
da publicação da medida e deve
ocorrer apenas na próxima segunda-feira.
A liberação ocorrerá um ano
depois da medida, conhecida como "corralito", que foi adotada
no dia 3 de dezembro do ano passado para conter uma corrida
bancária que ameaçava com a
quebra do sistema financeiro.
Ainda ficarão retidos nos bancos
os recursos depositados em fundos de prazo fixo, que foram retidos em janeiro deste ano.
A medida liberará cerca de 21
bilhões de pesos (US$ 5,9 bilhões). A expectativa do governo é
que ela não cause inflação ou corrida por dólares, o que poderia
desestabilizar a economia.
Inflação
O primeiro receio dos economistas era uma disparada da inflação. Primeiro por conta de um
aumento exagerado no dinheiro
em circulação. Segundo pelo efeito nos preços dos importados,
que poderiam subir caso os correntistas sacassem os recursos e
tentassem trocá-los por dólares.
A inflação parece ter saído da
agenda de preocupações do governo. Depois de terem subido
mais de 40% desde o início do
ano, os preços estancaram. Em
outubro, o índice de preços ao
consumidor subiu apenas 0,2%.
Com uma recessão que deve fazer
a economia encolher 12% neste
ano, os economistas acham improvável que a procura por bens e
serviços cause uma elevação dos
preços -não haveria renda nem
recursos suficientes para isso.
Corrida bancária
Outra restrição à liberação dos
recursos era o risco de que ela poderia causar uma corrida bancária e desestabilizar o sistema financeiro. Mas os últimos indicadores dos bancos mostram que há
uma recuperação da confiança no
sistema, ainda que pequena.
Os argentinos voltaram a depositar dinheiro e a investir em fundos de prazo fixo. Nos últimos
meses, o teto para saques de recursos presos era de 2.000 pesos
mensais. Outra parte dos recursos
foi liberada por liminares judiciais -o Banco Central estima
que em novembro foram liberados 500 milhões de pesos devido
às liminares. Mas os recursos que
aos poucos foram liberados voltaram para os bancos.
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