|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MUDANÇA DE HÁBITO
Consumidor já corta itens de primeira necessidade, como alimentos
Preço aumenta e comida diminui
JOSÉ SERGIO OSSE
DA REPORTAGEM LOCAL
Consumidores já deixam de
comprar itens de primeira necessidade no supermercado por
causa da alta da inflação nas últimas semanas. O salto nos preços começou a alterar profundamente os hábitos de consumo
no país e, agora, já influi no cardápio dos brasileiros.
De acordo com consumidores, alguns dos produtos que
mais subiram nos últimos meses integram a cesta básica e são,
principalmente, alimentos. É o
caso do arroz, que disparou nas
últimas semanas. Um pacote de
cinco quilos podia ser comprado a R$ 5,08 há pouco mais de
três meses. Hoje, o mesmo produto é vendido por R$ 6,86, com
aumento de 35,3%.
Os consumidores reclamam
também do preço do feijão, que
teria subido bastante. Porém, de
acordo com o Procon, que realiza pesquisa diária de preços da
cesta básica, o feijão ficou mais
barato nos últimos três meses.
Segundo a instituição, o pacote
de um quilo caiu de R$ 1,98 para
R$ 1,83 (menos 7,57%).
A segurança Ednalva Maria
dos Santos Silva Rocha, 39, diz
que, em outubro, comprou feijão por R$ 3,50 o quilo. Na semana passada, ao fazer as compras para este mês, disse ter pago R$ 4,50 pelo mesmo produto.
"Deixei de comprar macarrão
há duas semanas por causa do
preço. Costumava levar cinco
pacotes, mas agora não dá mais.
Faz bastante falta para as crianças, mas não há o que fazer", diz
ela, mãe de três filhos pequenos.
Ela diz que a compra do mês
costumava ficar em torno de R$
350. Hoje, avalia, a mesma compra não custa menos de R$ 450.
"Normalmente, fazia uma
compra só, para durar o mês todo. Hoje tenho de comprar picado, mudando de lugar atrás
de preço menor."
Alguns consumidores, para
não deixar de comprar a quantidade costumeira de alimentos
ou para não mudar de marca,
estão apelando por não levar
outros produtos.
É o caso da vendedora Elisângela Nogueira, 27, que diminuiu
os gastos com produtos de limpeza para continuar levando os
mesmos mantimentos que
comprava antes dos aumentos.
"Se tenho de comprar produtos de limpeza, pego menos ou
só levo quando há necessidade.
Tudo para não ter de levar menos comida ou produtos de
qualidade inferior."
Ela afirma que, há dois meses,
gastava cerca de R$ 280 na compra do mês para a família -ela,
o marido e dois filhos. Hoje, gasta mais de R$ 350 para levar as
mesmas coisas.
Os preços altos não afetam
apenas consumidores com filhos. Solteiros, que normalmente têm maior folga no orçamento da casa, também decidiram
mudar os hábitos de consumo
por causa da inflação.
O segurança patrimonial Almir Francisco dos Santos, 28,
diz que não pretende deixar de
comprar nada que normalmente leva para casa. Admite, porém, que vai começar a pesquisar preços para economizar.
"Se estiver caro, tento comprar o que quero em outro lugar. E, se continuar caro, paciência, uso um pouco das minhas economias para continuar
levando tudo o que sempre levo
para casa", diz ele.
Texto Anterior: "Troca" de inflação pode ser "tiro no pé" do PT Próximo Texto: Vizinho em crise: Liberação de saques ainda deve demorar mais uma semana Índice
|