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"PROJETO CARNAVAL"
Telemar e Telefônica negam intenção de alinhar tarifas pelo teto e alegam que concorrência aumentará
Empresas dizem que não há acordos secretos
DA REPORTAGEM LOCAL
EM SÃO PAULO
O presidente do Conselho de
Administração da Telemar, Otávio Azevedo, porta-voz do consórcio Calais, afirmou à Folha que
não há acordos secretos entre as
teles para a compra da Embratel.
Ele também negou que exista
intenção de alinhar as tarifas pelo
teto, conforme está escrito em relatório interno da Telefônica.
Eduardo Navarro, vice-presidente da Telefônica, diz que a estratégia montada pelo consórcio
aumentaria a concorrência entre
Telemar, Telefônica e Brasil Telecom, em vez de reduzi-la.
Isso ocorreria com a repartição
dos clientes corporativos da Embratel e com uma operadora entrando na área da outra. Assim,
disse ele, elas teriam escala para
concorrer em todo o país, e não
apenas em suas atuais áreas.
O porta-voz do consórcio afirmou que os acordos de acionistas
foram entregues anteontem à
Anatel e ao Cade. ""Não entregaríamos tais documentos se tivéssemos alguma dúvida em relação
à legalidade de seus conteúdos."
Moshe Sendacz, advogado da
Telefônica, disse que os acordos
de acionistas são instrumentos
para a defesa dos investimentos
que as teles farão, caso vençam a
disputa. ""Serão investimentos
muito altos, de US$ 2,2 bilhões, e
as operadoras precisam de garantias de que a Geodex irá cumprir
os compromissos firmados. Todos os documentos são compatíveis com as exigências regulatórias e concorrenciais."
Indagado sobre o acordo que
exige aprovação prévia das teles
em decisões da Geodex, o porta-voz disse que tal obrigação só se
aplica às decisões que tenham impacto no investimento das teles.
Ele negou que o acordo signifique
controle indireto das teles.
O advogado da Telefônica disse
que caberá exclusivamente à Geodex gerir a Embratel e executar o
plano de cisão da companhia. Ele
afirmou que as teles não terão ingerência na administração.
Em relação ao acordo sobre a
opção de compra da Gavle Holdings (que deterá as ações de controle da Calais em nome da Geodex), o porta-voz disse que, se tal
hipótese vier a acontecer, as ações
serão entregues à Anatel, para que
ela indique um novo gestor para a
Embratel.
Ele negou que haja intenção das
teles de diluir o custo de aquisição
da Geodex do Brasil com os acionistas minoritários da Embratel,
como está escrito em um dos documentos da Telefônica.
""Isso é maluquice. Eu me recuso
sequer a pensar em tal hipótese."
Azevedo disse que está prevista,
de fato, a hipótese de venda da
Geodex do Brasil para a Embratel,
mas que o negócio teria justificativa pela complementaridade das
redes da Embratel e da Geodex.
""Quem está disposto a investir
US$ 2,2 bilhões não vai se preocupar em diluir despesa de US$ 50
milhões com acionistas minoritários. Isso deve ser fruto de análise
para fins internos feita por algum
gerente júnior", acrescentou.
Navarro diz que o "discurso
pró-competição" que aparece como uma exigência do governo em
um documento não é a recomendação para se criar uma farsa.
"Discurso, aí, é um modelo de
competição", afirmou. "É que isso
foi escrito por engenheiros",
completou Sandocz.
O acordo sobre a Intelig, assinado pelo trio, é uma prova de que
não houve acordo, para Navarro.
Se houvesse uma ação coordenada entre as operadoras, de acordo
com ele, esse tipo de acordo não
seria necessário.
O advogado Domingos Refinetti, da Telefônica, diz que a apreensão foi ilegal porque a ordem judicial restringia-se ao caso da empresa Cobra SP: "Houve arbitrariedade na apreensão e a divulgação de documentos sob segredo
de justiça é ilegal. São provas ilícitas porque não estão relacionadas
aos inquéritos".
Advogados da Telefônica dizem
desconfiar de que a apreensão e a
divulgação dos papéis segue um
cronograma que visa atrapalhar a
negociação do consórcio.
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