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São Paulo, domingo, 25 de maio de 2003

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Para Palocci, semelhanças são questões de "singelo bom senso"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) avalia que a similaridade entre a agenda do governo e teses do Banco Mundial combina avanços no pensamento do organismo, questões de "singelo bom senso" e "consensos básicos de economia".
Por meio de sua assessoria, Palocci passou à Folha uma série de declarações a respeito dos temas e argumentações que se repetem nos documentos da Fazenda e do Banco Mundial.
"Todos os pontos colocados são questões muito saudáveis do Banco Mundial. São avanços importantes no que dizem respeito à necessidade de uma política econômica adequada, do bom funcionamento das instituições e da preocupação com o crescimento do país", diz o ministro.
Um exemplo desse avanço, argumenta, é o debate em torno da política fiscal contracíclica -a proposta de permitir um déficit público maior em situações de estagnação econômica, de forma a impedir que o aperto nas contas do governo deprima ainda mais o nível de atividade.
Nesse caso, Palocci e o organismo internacional estão de acordo: adotar tal política só será possível quando e se a dívida pública, hoje acima de 50% do Produto Interno Bruto, voltar a patamares mais civilizados; a Fazenda fala em 40% do PIB.
"Os pontos levantados dizem respeito a uma visão moderna de ajuste, que investe em reformas tributárias incentivadoras da economia e políticas sociais que encarem grandes desafios na melhoria da distribuição de renda", continua o ministro.
Aqui, ele aborda um outro ingrediente da receita do Banco Mundial que causou polêmica no mês passado, ao ser criticado publicamente pela economista petista Maria da Conceição Tavares: a defesa de políticas sociais focalizadas, ou seja, dirigidas unicamente aos segmentos mais miseráveis da população.
Trata-se, diz Palocci, de um "surrado debate": "Nossa posição é muito clara. Sistemas de saúde, educação e proteção devem ser universais, e os programas de renda devem se dirigir aos que mais precisam".
Esse, segundo o ministro, é um critério que segue apenas o bom senso. A concentração de renda no Brasil, afirma, "atingiu um tal nível de gravidade que deixou de ser uma questão somente social para ser uma questão econômica fundamental".

Donas-de-casa
Palocci não vê nada de muito novo nos trechos que enfatizam o controle fiscal. "Fundamentalmente, os textos destacados dizem respeito a consensos básicos de economia. Sobre alguns deles, como a questão fiscal, podemos dizer que, antes de constar nos documentos do Banco Mundial, constam no estilo de vida das donas de casa."
A relação entre a inadimplência e a taxa de juros, que faz parte do discurso em defesa da nova Lei de Falências, faz parte, afirma Palocci, "de aulas inaugurais em qualquer faculdade de economia".
(GUSTAVO PATÚ)

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