|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para Palocci, semelhanças são questões de "singelo bom senso"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) avalia que a similaridade entre a agenda do governo
e teses do Banco Mundial combina avanços no pensamento do organismo, questões de "singelo
bom senso" e "consensos básicos
de economia".
Por meio de sua assessoria, Palocci passou à Folha uma série de
declarações a respeito dos temas e
argumentações que se repetem
nos documentos da Fazenda e do
Banco Mundial.
"Todos os pontos colocados são
questões muito saudáveis do Banco Mundial. São avanços importantes no que dizem respeito à necessidade de uma política econômica adequada, do bom funcionamento das instituições e da
preocupação com o crescimento
do país", diz o ministro.
Um exemplo desse avanço, argumenta, é o debate em torno da
política fiscal contracíclica -a
proposta de permitir um déficit
público maior em situações de estagnação econômica, de forma a
impedir que o aperto nas contas
do governo deprima ainda mais o
nível de atividade.
Nesse caso, Palocci e o organismo internacional estão de acordo:
adotar tal política só será possível
quando e se a dívida pública, hoje
acima de 50% do Produto Interno
Bruto, voltar a patamares mais civilizados; a Fazenda fala em 40%
do PIB.
"Os pontos levantados dizem
respeito a uma visão moderna de
ajuste, que investe em reformas
tributárias incentivadoras da economia e políticas sociais que encarem grandes desafios na melhoria da distribuição de renda", continua o ministro.
Aqui, ele aborda um outro ingrediente da receita do Banco
Mundial que causou polêmica no
mês passado, ao ser criticado publicamente pela economista petista Maria da Conceição Tavares:
a defesa de políticas sociais focalizadas, ou seja, dirigidas unicamente aos segmentos mais miseráveis da população.
Trata-se, diz Palocci, de um
"surrado debate": "Nossa posição
é muito clara. Sistemas de saúde,
educação e proteção devem ser
universais, e os programas de renda devem se dirigir aos que mais
precisam".
Esse, segundo o ministro, é um
critério que segue apenas o bom
senso. A concentração de renda
no Brasil, afirma, "atingiu um tal
nível de gravidade que deixou de
ser uma questão somente social
para ser uma questão econômica
fundamental".
Donas-de-casa
Palocci não vê nada de muito
novo nos trechos que enfatizam o
controle fiscal. "Fundamentalmente, os textos destacados dizem respeito a consensos básicos
de economia. Sobre alguns deles,
como a questão fiscal, podemos
dizer que, antes de constar nos
documentos do Banco Mundial,
constam no estilo de vida das donas de casa."
A relação entre a inadimplência
e a taxa de juros, que faz parte do
discurso em defesa da nova Lei de
Falências, faz parte, afirma Palocci, "de aulas inaugurais em qualquer faculdade de economia".
(GUSTAVO PATÚ)
Texto Anterior: Consenso clonado: Lula reproduz nova agenda de Washington Próximo Texto: Frase Índice
|