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Inadimplência avança e tem o maior nível em 15 meses
BC diz que dado não preocupa, mas economistas projetam aumento maior no 2º semestre
Apesar de recuo em maio, taxas de juros médias cobradas das pessoas físicas já voltaram a subir neste mês, aponta o Banco Central
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A taxa de inadimplência do
crédito das pessoas físicas subiu ligeiramente em maio, para
7,3%, o maior nível desde fevereiro do ano passado. Foi o segundo mês seguido de alta. Em
abril, a inadimplência -dívidas
vencidas há mais de 90 dias-
foi de 7,1% e, em março, de
6,9%. As dívidas vencidas há
menos de 90 dias são classificadas pelo BC como "atrasos".
O chefe do Departamento
Econômico do Banco Central,
Altamir Lopes, classificou como "muito pequena" a alta da
inadimplência nos últimos dois
meses. Ele disse que esse resultado não preocupa o BC. "Houve uma pequena elevação da
inadimplência nos últimos dois
meses. Temos que observar um
pouco mais para ver se é uma
tendência", disse Lopes.
Philip Wagner, economista
do Unibanco, acredita que a
inadimplência vai crescer mais
no segundo semestre. Ele calcula aumento para 7,6% até o
final do ano. Ele faz a projeção
comparando a taxa de crescimento do crédito de pessoas físicas com o aumento do rendimento da população, calculado
pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
"Quando o crédito se acelera
muito mais rápido que a renda
da população, é sinal de que a
inadimplência vai subir alguns
meses à frente. Leva até nove
meses para isso surgir nas estatísticas do BC", diz Wagner.
Nos 12 meses encerrados em
maio, o crescimento do volume
de crédito da pessoa física foi de
32,1%. A renda nominal da população cresceu 8,4% nos 12
meses encerrados em abril. O
IBGE ainda não divulgou os dados de maio. "A diferença é
muito grande entre o aumento
do crédito e da renda. Mas não é
de todo uma má notícia. Quando a inadimplência dá sinais de
alta, os bancos restringem um
pouco a oferta. É uma forma de
controlar o crescimento."
Juros médios
Apesar do aumento dos juros
básicos, a taxa média cobrada
nos financiamentos cresceu
apenas 0,1 ponto, para 37,6%. A
taxa para pessoas físicas caiu de
47,7% para 47,4% ao ano. Os juros cobrados de empresas subiram de 26,3% para 26,9% ao
ano. Essa alta reflete, principalmente, o aumento da Selic.
Altamir Lopes, do BC, acredita que o aumento da Selic não
se reflete na média dos juros
para pessoa física porque em
maio foi extinta a TAC (Tarifa
de Abertura de Crédito), o que
reduziu os custos do financiamento e o "spread" bancário,
que é a diferença entre a taxa de
captação dos bancos no mercado financeiro e os juros cobrados do consumidor.
De acordo com Lopes, a TAC
representava um custo médio
de dois pontos percentuais nos
financiamentos. Com o fim da
cobrança, o custo do crédito diminuiu, reduzindo o "spread"
bancário das pessoas físicas para 33,5% em maio, contra
34,6% em abril.
Em junho, os juros médios
para pessoas físicas voltaram a
subir, segundo Lopes. Os números apurados até o dia 12
mostram aumento de 0,9% na
taxa média de juros para pessoas físicas. O "spread" para o
segmento registra alta de 0,6%
neste período.
Cheque especial
Em maio, houve alta das taxas cobradas pelo uso do cheque especial, de 4,4%. As pessoas que entraram no vermelho
no mês passado pagaram juros
médios de 157,1% ao ano, contra 152,7% no mês anterior. O
"spread" do cheque especial
também subiu no período, de
141,8% para 145,8%.
"As taxas do cheque especial
são muito elevadas, são proibitivas. As pessoas só devem recorrer em última instância",
sugere Lopes.
Os juros cobrados pelo financiamento de veículo e aquisição
de outros bens, como eletrodomésticos, também subiram no
mês passado, em 0,8 ponto e 1,7
ponto, respectivamente. A queda da taxa de pessoas físicas
apareceu no crédito pessoal, de
67,7% para 63%, excluindo-se o
crédito consignado.
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