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INTEGRAÇÃO
Crescimento dos negócios com o bloco só perde para Oriente Médio
Brasil vê avanço menor no
intercâmbio com Mercosul
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Mercosul teve um dos piores
desempenhos no crescimento do
intercâmbio comercial com o
Brasil nos últimos dez anos (1993-2003). Ficou apenas acima dos
países do Oriente Médio. Se consideradas só as exportações do
Brasil para o bloco, o aumento fica atrás de todos os dez grupos de
países comparados pela Folha.
Embora o aumento das transações comerciais não tenha sido
elevado (29,6%), o Mercosul é o
quarto maior parceiro do Brasil
no comércio internacional entre
os grupos comparados.
O índice do aumento da corrente de comércio -exportações
mais importações- é inferior ao
de parceiros tradicionais, como a
União Européia (90%), que agrega 25 países europeus, e o Nafta
(103%), que abrange o México, o
Canadá e os EUA.
Segundo o secretário de Comércio Exterior (Ministério do Desenvolvimento), Ivan Ramalho, o
baixo desempenho do comércio
com o Mercosul se deve principalmente à crise da Argentina.
A corrente de comércio da Argentina com o Brasil em 200 era
de US$ 13 bilhões. O montante
caiu para US$ 11 bilhões, em 2001,
e US$ 7,1 bilhões, em 2002. No
ano passado, as transações voltaram a subir e alcançaram US$ 9,2
bilhões, ou 81% do intercâmbio
do Brasil com o bloco.
"O que se nota, no entanto, é
uma recuperação da Argentina, o
que aponta uma retomada do
crescimento dos negócios do Brasil com o bloco", disse Ramalho.
No último semestre, em comparação a 2003, as transações com a
Argentina aumentaram 39%.
Para o governo, as empresas estão aprendendo a explorar novos
mercados, apesar de dificuldades
como idioma, logística e padrões
técnicos. O resultado são saltos
nos últimos dez anos em transações com grupos como CEI
(348%), África (169%) e Ásia
(110%). "O empresário está diversificando o destino de suas mercadorias, o que, para o Brasil, é
uma boa notícia, pois ficamos
menos dependentes", disse Ramalho. Cerca de 20% do intercâmbio comercial do Brasil, por
exemplo, depende hoje dos EUA.
Na Ásia, o grande parceiro brasileiro vem sendo a China. No período de 1993 a 2003, a corrente de
comércio aumentou 516%. Hoje,
são US$ 6,7 bilhões comercializados entre os países. Na CEI (grupo
de países da ex-URSS), o comércio entre o Brasil e o grupo vem
sendo puxado pela Rússia, com
um aumento de 374%, em compras e vendas que envolveram
US$ 2,1 bilhões no ano passado.
A corrente de comércio da África do Sul com o Brasil ficou em
US$ 935 milhões em 2003, um
crescimento de 188% em dez
anos. O país se tornou um dos
principais parceiros na África.
"Se olharmos as transações com
novos parceiros, veremos crescimentos fantásticos. Mas devo observar que partimos de números
pequenos; portanto, qualquer incremento na corrente de comércio representa um grande salto."
Origem do bloco
A criação do Mercosul (Mercado Comum do Sul) faz parte de
um processo de integração econômica entre Brasil, Argentina,
Paraguai e Uruguai.
A origem foi o Tratado de Assunção, assinado em 1991, pelos
países-membros, que se comprometeram a formar o bloco. Em
1994, o Protocolo de Ouro Preto
reconhecia a personalidade jurídica de direito internacional do
Mercosul e dava a ele competência para negociar acordos.
Já em 1995, foram dados os primeiros contornos para a formação de uma união aduaneira, que
elimina obstáculos ao comércio
entre os países, como tarifas alfandegárias, e estabelece uma política externa comum para o comércio com as demais nações.
Começava a entrar em vigor a
TEC (Tarifa Externa Comum),
que estabelece taxas iguais para a
importação e exportação de produtos para países não-membros.
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