São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004 |
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CETICISMO Economia pode sofrer colapso, diz professor
LUIZ FERNANDO VIANNA Folha - No livro "Globalização da Pobreza", de 99, o sr. analisa o "desastre econômico do Brasil". A situação mudou no governo Luiz Inácio Lula da Silva? Michel Chossudovsky - Este governo está seguindo exatamente a linha de Fernando Henrique Cardoso, mas com uma política monetária muito mais destrutiva e que tem um vínculo estreito com Wall Street. É certo que o governo de Cardoso teve um presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que era empregado do [megainvestidor] George Soros [...] Agora, temos como presidente o primeiro banco do mundo, o Bank of America. E Henrique Meirelles não era um empregado, mas o presidente do BankBoston, que depois se fundiu com o Boston Fleet e o Bank of America. Um dos principais bancos dos EUA tem, como se diz em inglês, "inside information" (informações privilegiadas). Tem um representante dentro do Banco Central do Brasil com a possibilidade de manipulação. Ou seja, há um governo de esquerda, que pretende ter um mandato do povo, e o presidente de República nomeou uma equipe que tem vínculos com os banqueiros e os credores. Folha - Que mudança deveria acontecer no BC? Chossudovsky - É importante que o Banco Central seja, de certa forma, democratizado. Que sirva para financiar um projeto de sociedade. E que não sirva simplesmente para satisfazer as necessidades dos credores e as manipulações de Wall Street, que tem seu cavalo-de-tróia dentro do BC. Folha - O senhor acredita que o Brasil terá uma crise semelhante à que abalou a Argentina em 1999? Chossudovsky - Sim. Se mantiver a tendência de endividamento, sim. As dívidas em dólar são muito altas. A única maneira de inverter a espiral de endividamento é mudar totalmente a política monetária. Seria preciso limitar a movimentação de capital para fora do país. Folha - E mexer na taxa de juros? Chossudovsky - Os juros são altos justamente para que o capital estrangeiro possa emprestar dinheiro a taxas muito elevadas no Brasil e depois sacá-lo [...] Folha - O sr. é contra os acordos com o FMI e o Banco Mundial?
Chossudovsky - Essas entidades são burocracias que servem aos interesses dos bancos. Elas estão metidas em planos de privatização e empurrando uma lei de falências. Querem facilitar a bancarrota de grandes empresas para que depois o capital estrangeiro compre o que quer a preços muito baixos. Este governo está matando também a classe empresarial brasileira em nome do capital estrangeiro.
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