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Governo central vai herdar "esqueleto"
DE PEQUIM
As estatais chinesas têm um
"esqueleto" em sua contabilidade
de tamanho não revelado, mas estimado em bilhões de dólares. São
valores relativos a obrigações que
dificilmente serão pagas pelas estatais e terão de ser arcadas pelo
governo central, entre as quais estão contribuições para fundos de
pensão e pagamentos de empréstimos obtidos em bancos estatais.
William Mako, economista do
Banco Mundial, afirma que o governo chinês não divulga as estatísticas que permitiriam calcular o
valor desse rombo, mas ressalta
que "presumivelmente" a quantia
envolvida é enorme.
As empresas controladas pelo
Estado são o principal destino dos
financiamentos dos bancos estatais, que têm uma montanha de
empréstimos de difícil recuperação. Especialistas estimam que
pelo menos 30% da carteira dos
bancos estatais não serão recuperados, o que os coloca em uma situação de virtual insolvência.
O governo reconhece a existência de um percentual menor,
21,4%, o que ainda representa um
volume imenso de dinheiro: US$
242 bilhões, cerca de metade do
PIB brasileiro.
A manutenção do controle das
empresas nas mãos dos Estados e
das províncias provoca o que Mako chama de "localização de benefícios" e "nacionalização de
passivos". Segundo ele, a interferência política nas estatais leva à
concessão de vantagens para funcionários, que terão de ser pagas
por toda a população quando os
"esqueletos" saírem do armário.
Por enquanto, o governo tenta
limitar esse processo com a profissionalização das estatais e o estabelecimento de concorrência
entre elas. Em todos os setores há
mais de uma empresa e começa a
acabar a divisão de tarefas que antes existia entre elas.
O setor público também enfrenta em alguns setores a crescente
presença de empresas privadas.
James Dorn, do Instituto Cato, estima que o setor privado já representa 70% da indústria chinesa.
Esse percentual foi conquistado
não pela diminuição do tamanho
das estatais na economia, mas pela proliferação de empresas não-controladas pelo Estado.
O governo anunciou ontem,
por exemplo, que irá permitir em
breve a entrada de investidores
privados no setor ferroviário, até
agora dominado por estatais.
O setor financeiro será aberto a
bancos internacionais a partir de
2007, segundo as obrigações assumidas pela China quando entrou
na Organização Mundial do Comércio, em dezembro de 2001.
Grandes empresas que antes
monopolizavam o seu setor foram separadas em unidades que
passaram a ser concorrentes.
A Avic (Aviation Industry Corporation), por exemplo, foi dividida em duas, Avic I e Avic II. No
setor de petróleo, existe pelo menos três grandes empresas, que
começam aos poucos a atuar nas
mesmas áreas.
(CT)
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