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Bancos e mercados são livres, diz BC
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Beny
Parnes, diz que as operações de
arbitragem (especulativas) feitas
por grandes exportadores são legais e que "os bancos têm o direito
de emprestar" para as empresas
que quiserem. Ou seja, não cabe à
instituição definir para que empresas os bancos têm de emprestar, mesmo que o dinheiro oferecidas às companhias seja fornecido pelo próprio BC.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista que ele concedeu à Folha na sexta-feira.
(LEONARDO SOUZA)
Folha - Essas operações com dólar
de exportação são legais?
Beny Parnes - A operação é totalmente legal. Não posso determinar o que as empresas fazem com
o dinheiro que elas tomam nos
bancos. Os bancos têm todo o direito de emprestar para elas. A
economia é de mercado, é livre, os
bancos escolhem os clientes com
quem eles querem operar. Uma
empresa que consegue uma linha
externa e quer se aproveitar da taxa de juros no Brasil conhece o
risco que tem de correr, faz o que
quiser. Não consigo determinar
quem tem a real necessidade de
capital de giro.
Folha - Mas se imaginava que o
crédito via BC fosse usado para a
produção, não para a especulação.
Parnes - Não gosto de usar essas
expressões, não.
Folha - Quais expressões?
Parnes - Especulação, financiamento, necessidade. Na verdade,
não definem bem o problema.
Folha - Quais expressões o sr. usaria então?
Parnes -Usaria irrigação do mercado. As linhas de crédito comercial secaram. O mercado vinha
funcionando bem até então. Mas
a oferta diminuiu e a demanda de
contratação de câmbio aumentou
muito. O que a gente pode fazer é
repor parte da oferta que se tinha.
Então vamos injetar, por meio de
leilões, US$ 2 bilhões. Com isso o
mercado vai se normalizar.
Folha - O BC então não deve fiscalizar para quem e para qual fim os
bancos emprestam?
Parnes - Não estou dizendo isso.
Estou dizendo o seguinte: o que
podemos fazer concretamente?
Recolocar recursos na economia,
com a obrigação [dos bancos" de
financiar. É claro que, se considerarmos algum movimento perverso, vamos agir. Temos meios
para agir. Fizemos os primeiros
leilões, estamos vendo como o dinheiro vai irrigar o mercado. Fizemos dois leilões hoje [sexta", os
resultados foram muito positivos,
recebemos várias ligações.
Tem muita empresa que não
consegue tomar ACC no mercado. Essa é uma decisão soberana
do banco. O mercado tem imperfeições? Tem, mas essas imperfeições vão sendo corrigidas.
Folha - Essas operações são
exemplos de imperfeições?
Parnes - Com essa escassez de
crédito, vários exportadores não
estão tendo acesso a essas linhas.
O ideal é que, se uma empresa séria quer exportar, ela tenha acesso
a essas linhas. Estamos trabalhando para aumentar a oferta de crédito na economia.
Folha - Com os leilões, o BC vai
conseguir normalizar a oferta de
crédito na economia?
Parnes - Nossos esforços são no
sentido de normalização do crédito. O banco toma os recursos,
concede para uma empresa, sobra
para outra. Carimbar o dinheiro...
o BC não é o BNDES, não pode direcionar crédito. O BC faz um esforço "macro" para normalizar o
mercado. Acho que seremos
bem-sucedidos.
Folha - A normalização dos volumes esperada pelo BC inclui a volta
do crédito oferecido pelos bancos?
Parnes - Estamos vendo que a
rolagem [a renovação das linhas
de crédito" está começando a voltar. Ontem [quinta-feira" e hoje
recebemos ligações de bancos estrangeiros que se motivaram, devido aos nossos leilões, a voltar a
oferecer crédito para exportação
[...". É um excelente negócio para
eles [os bancos" financiar o comércio exterior brasileiro. As exportações brasileiras estão crescendo, o Brasil está batendo recordes no saldo comercial.
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