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ESTRESSE
Investimento externo cai, remessa de dólar cresce, negócios são poucos, mas mercado não vê razão forte para outro dia ruim
Calmaria cede, dólar sobe, BC intervém
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
O investimento estrangeiro no país começa a cair, os investimento externo na Bolsa entrou no vermelho pela primeira vez no ano,
cresce a remessa de lucros e dividendos para o exterior, embora o
déficit externo do país nos últimos doze meses tenha melhorado. Na falta de notícias decisivas e
em dia de poucos negócios, o
mercado criou o fato negativo.
Após o ensaio de tranquilidade de
segunda, os indicadores financeiros voltaram a se deteriorar.
O dólar subiu 1,55%, para R$
2,823, segundo maior valor neste
ano. O risco-país voltou a ser o segundo maior do mundo. O indicador medido pelo JP Morgan subiu 7%, para 1.631 pontos, e está
atrás apenas da Argentina.
A Bovespa caiu 0,5% e, nos 20
primeiros dias de junho, a instituição perdeu R$ 769,347 milhões
em investimentos estrangeiros.
Analistas tiveram dificuldades
em encontrar boas explicações
para a nova piora dos indicadores
ontem. Todos concordam que o
mercado está bastante volátil e o
volume de negócios é bastante reduzido. Assim, qualquer pequena
operação de compra de dólar, por
exemplo, afeta fortemente a variação da cotação da moeda americana no fechamento do dia.
A divulgação de queda dos investimentos diretos no país ontem foi apontada por analistas como um dos motivos para justificar a volta do pessimismo.
"O mercado não quer olhar para dados positivos, como os números da balança comercial ou o
ajuste das transações correntes",
diz Guilherme da Nóbrega, do
banco Fibra. "Não sei o que pode
ocorrer para o quadro melhorar."
Ele avalia que a queda de investimentos já ocorre há vários meses e que o cenário mundial não é
favorável ao fluxo global de capitais. Logo, esses números não deveriam causar tanto nervosismo.
"O mercado está muito vulnerável", afirma Helio Osaki, da Finambras. "Ele pode ficar positivo
com qualquer boa notícia, mas é
claro que está mais fácil ele cair
muito com um fato negativo."
Voltaram a circular rumores em
relação ao futuro político do país.
Dizia-se que Anthony Garotinho
(PSB) desistiria de disputar a presidência para se aliar a Luiz Inácio
Lula da Silva (PT). Garotinho desmentiu o boato, mas a avaliação,
em princípio, era que a aliança
fortaleceria a candidatura de Lula.
O mercado havia se animado, anteontem, com um melhor desempenho de José Serra (PSDB) nas
pesquisas. A vitória do candidato
do governo agrada ao mercado
por representar a continuidade da
atual política econômica.
O nervosismo atual dos investidores é atribuído por muitos analistas à possibilidade de Lula, um
candidato da oposição, vencer as
eleições. Os investidores não querem títulos da dívida pública brasileira de longo prazo, pela incerteza em relação ao futuro governo. O Banco Central passou a trocar esses títulos por outros de prazo mais curto, o que concentrou
os vencimentos da dívida no final
deste ano. Daí o temor em relação
ao governo brasileiro dar um calote no pagamento da dívida.
O BC interveio no mercado ontem ao vender US$ 300 milhões
leilões de linha externa. Nessa
operação, ele vende a moeda e se
compromete a recomprá-la em
prazo de até dois meses.
A instituição já vendeu diretamente ao mercado US$ 345 milhões desde 13 de junho, quando anunciou um minipacote econômico para acalmar o mercado.
Mesmo assim, o dólar subiu 4,1% nesse período. Foram três vendas
de dólares, a maior delas, de US$ 275 milhões, em 20 de junho.
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