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AVIAÇÃO
Tarifas de pouso serão cobradas após 30 meses e dívidas são alongadas
Governo dá ajuda a empresas aéreas
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
As companhias aéreas, que reivindicam do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) empréstimos
para enfrentar a crise no setor, já
estão recebendo ajuda financeira
do governo.
A Infraero, que administra os
aeroportos, possui atualmente
uma espécie de "linha de crédito"
de R$ 433 milhões para companhias como a Varig, Vasp, TAM e
Gol, segundo a Folha apurou. Os
juros são de, no máximo, 19,5%
ao ano -os bancos cobram 50%,
em média, no financiamento de
capital de giro.
O dinheiro da Infraero diz respeito às tarifas de pouso e permanência de aviões em aeroportos.
Nos últimos meses, a estatal fechou acordos com as empresas
para alongar as dívidas referentes
a essas taxas. Nos casos da TAM e
da Gol, aceitou que os impostos
sejam cobrados após 30 meses da
ocorrência dos vôos. O que, na
prática, significa empréstimo.
"O acordo é uma maneira de a
TAM financiar seus negócios com
capital mais barato", afirmou Egberto Vieira Lima, diretor financeiro da empresa. A TAM possui
atualmente uma frota de 89
aviões, mas fechou contratos para
receber cinco Airbus até julho e
outros dez até dezembro.
O entendimento entre a TAM e
a Infraero significa o fim de uma
tradição da companhia aérea, que
sempre se orgulhou de não dever
nenhum imposto e nunca ter recorrido a empréstimos governo.
O acordo com a Infraero foi fechado em fevereiro. Desde então,
a TAM já alongou uma dívida de
R$ 72 milhões. O limite estipulado
pela Infraero é de R$ 85 milhões.
Parte do dinheiro das tarifas aeroportuárias vai para o Tesouro
Nacional. Segundo Antônio Lima
Filho, diretor financeiro da Infraero, o entendimento com as
empresas tem como objetivo ajudá-las a enfrentar a crise no setor.
"Queremos dar um fôlego para
elas se adaptarem à situação, que
está complicada."
Os acordos com a Varig e a Vasp
são diferentes dos que a estatal firmou com a TAM e a Gol. As duas
primeiras empresas já tinham dívidas referentes a tarifas atrasadas. A Vasp, por exemplo, está
sendo processada por uma dívida
acumulada de R$ 370 milhões
com a entidade.
A Infraero optou por alongar R$
110 milhões dos débitos da Vasp e
toda a dívida de R$ 240 milhões
da Varig. As duas companhias
emitiram debêntures (títulos de
dívidas) não-conversíveis em
ações, que serão resgatados em
até 30 meses, com juros de 14,25%
ao ano (TJLP mais 4,75%).
Já a TAM e a Gol não tinham nenhuma dívida com a Infraero,
mas o órgão decidiu criar uma "linha de crédito" para débitos futuros. As tarifas de pouso e permanência de aviões dessas empresas
passaram a se transformar também em debêntures não-conversíveis nos últimos meses. Os juros
são de 19,5% ao ano (taxa do CDI
mais 1%), e os papéis são resgatáveis em até 30 meses.
Os acordos das empresas com a
Infraero colocam por terra a tese
de representantes do setor de que
o governo não havia se mobilizado até há pouco tempo para ajudar a aviação.
Atualmente, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Sergio Amaral, negocia empréstimos do BNDES a empresas dispostas a reestruturar suas
operações. A Varig será a primeira beneficiada.
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