DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Desde setembro de 1998, as empresas instaladas no Brasil não remetiam tantos lucros e dividendos para o exterior. Em maio, as remessas foram de US$ 1 bilhão, contra os US$ 360 milhões de abril -uma alta de quase 178%.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o resultado do mês passado é atípico, pois quase todo ele se refere a uma operação de uma única empresa. Lopes não revelou o nome da empresa, na verdade um banco, que enviou os recursos para os EUA.
Entre janeiro e maio, as remessas de lucros e dividendos somaram US$ 2,071 bilhões, queda de 7,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Neste mês, até anteontem, o envio de recursos para o exterior totalizou US$ 558 milhões.
Segundo Lopes, a alta do dólar desestimula as empresas a enviarem recursos para o exterior. Pela atual taxa de câmbio, o lucro apurado no Brasil em reais acaba se traduzindo em uma quantidade menor de dólares, o que não interessa à matriz.
Ele diz que, diante do atual cenário de nervosismo observado no mercado, o volume de dinheiro enviado para fora do país não é elevado. "Para um momento de turbulência como o atual, está baixo", afirmou.
O envio de dinheiro para o exterior por meio de contas CC-5 (contas de pessoas ou empresas residentes ou instaladas no exterior), por exemplo, está estável neste mês. Até anteontem, as remessas ao exterior feitas por esse mecanismo totalizaram US$ 545 milhões. Em maio, o total foi de US$ 616 milhões.
De acordo com Lopes, em momentos de crises no passado, o envio de dinheiro para o exterior por meio das CC-5 chegou a US$ 1,2 bilhão em um único mês. Esse instrumento costuma ser bastante utilizado em momentos de nervosismo porque não é preciso informar ao BC o motivo da remessa. Basta que o destinatário dos recursos seja identificado.
Em setembro de 2001, na época dos atentados terroristas ocorridos nos Estados Unidos, as remessas de dólares feitas pelas contas CC-5 chegaram a US$ 893 milhões.



Texto Anterior: Companhias rolam só 58% da dívida externa
Próximo Texto: Análise: Retração e vulnerabilidade
Índice