São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 2002

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Malan critica avaliação do risco-país

Sergio Lima/Folha Imagem
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, em depoimento no Senado


JULIANNA SOFIA
LEONARDO SOUZA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Pedro Malan (Fazenda) criticou ontem a forma como os investidores avaliam o risco Brasil, quando olham apenas os indicadores que medem a sobretaxa de juros que os títulos do país pagam em relação aos papéis do Tesouro norte-americano. Disse também que os investidores desconhecem o Brasil quando comparam a situação econômica do país com a da Nigéria.
"Só quem não conhece o Brasil e não conhece a Nigéria é capaz de imaginar que o Brasil tem uma situação econômica e financeira semelhante", disse Malan em audiência na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado.
O risco Brasil mede o nível de desconfiança dos investidores estrangeiros em relação à capacidade do país de honrar seus compromissos. Quanto mais alto o índice, maior a percepção de que o país não tem condições de pagar suas dívidas.
O índice Embi+, do banco de investimento americano JP Morgan, registrou ontem que o risco-país do Brasil era o segundo maior do mundo, perdendo apenas para o da Argentina. Ficou atrás até mesmo da Nigéria.

Índice C-Bond
A forma de cálculo adotada pelos bancos de investimento leva em conta os preços de todos os títulos de dívida do governo negociados no exterior. "Melhor chamar isso de índice de variação dos preços do C-Bond [os papéis brasileiros mais negociados no mercado externo" em vez de chamar de risco-país", avaliou Malan.
Ele admitiu que a situação brasileira "inspira alguns cuidados", mas voltou a diferenciar o Brasil de países como Argentina. "Temos mais condições de superar turbulências que outros países que atravessam problemas estruturais graves. O Brasil é maior que essas turbulências", disse.
Na audiência -para explicar as mudanças na forma de contabilização dos ativos dos fundos de investimento-, Malan defendeu a atuação do Banco Central na antecipação da medida.
"Essa não era uma questão relevante quando não havia grande volatilidade nos títulos. Ao antecipar a marcação a mercado, o BC evitou que o pequeno investidor fosse prejudicado pelo mais informado, que sairia antes do fundo que não estivesse ajustado."



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