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TRABALHO
Mercado cria 132 mil novos postos; serviços é o setor que mais oferece vagas, indústria é o segundo com mais ofertas
Desemprego em SP cai para 19,7% em maio
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A taxa de desemprego de maio foi de 19,7% da população economicamente ativa contra 20,4% em abril na região metropolitana de São Paulo, segundo pesquisa divulgada ontem pela Fundação Seade/ Dieese.
Desde 86, não se verificava uma
diminuição tão expressiva na taxa
de desemprego para o mês de
maio. Apesar do resultado positivo, a queda ainda não significa recuperação no nível de emprego e
do mercado de trabalho. Isso porque a taxa de desemprego cresceu
12,6% na comparação de maio
com igual mês de 2001 -passando de 17,5% para 19,7%.
A explicação para a queda do
desemprego foi a criação de 132
mil postos de trabalho em maio.
Essas vagas foram suficientes para absorver as 83 mil pessoas que
entraram no mercado de trabalho
no período na região pesquisada
para reduzir em 49 mil o número
de desempregados.
"A geração de vagas foi atípica.
O que ocorreu foi um atraso na
criação de empregos de abril para
maio. Esse resultado positivo, entretanto, não reflete uma virada
no mercado de trabalho. O ambiente econômico ainda é turbulento", afirma Paula Montagner,
gerente de análises e estudos especiais da Fundação Seade.
Os setores que mais criaram
empregos foram os de serviços,
com 61 mil vagas (destaque para a
expansão dos serviços de oficina
mecânica e alimentação), e o industrial -26 mil novos postos
(vestuário e indústrias de pequeno e médio porte). Entre serviços
domésticos e construção civil, foram abertas 38 mil vagas.
"O nível de emprego na indústria cresceu 1,8% em maio, após
dois meses de estabilidade. É importante também destacar que,
entre os empregos criados, 54 mil
foram vagas com carteira assinada, o que melhora a qualidade do
emprego", diz Paula.
O rendimento médio dos ocupados aumentou 3,4%, após três
meses consecutivos de queda, de
acordo com o levantamento. Com
isso, passou de R$ 813 em março
para R$ 841 em abril.
Em relação a abril de 2001, entretanto, os salários caíram 7,7%.
Mas os técnicos explicam que
houve uma diminuição no ritmo
da queda - em fevereiro, foi de
10,8%, em março, de 11,2% e em
abril, de 7,7%.
A queda nos salários foi maior
entre os trabalhadores com carteira assinada -10,1% na comparação de abril com igual mês de
2001. Por atividade, a diminuição
foi mais sentida entre os empregados em serviços -queda de
9,7%, passando de R$ 918 para R$
829 em abril deste ano.
Para o coordenador técnico do
Dieese, Sérgio Mendonça, é difícil
prever o que vai ocorrer com o
emprego e a renda nos próximos
meses. "No segundo semestre,
historicamente aposta-se na melhoria do mercado de trabalho
por causa do aquecimento da economia. Mas não podemos esquecer que a instabilidade no mercado financeiro só será absorvida
nos próximos meses." Essa incerteza, declara, atrasa os investimentos na produção, e portanto,
na contratação de mais pessoas.
A pesquisa também mostrou
que diminuiu o tempo médio de
procura por emprego -era de 50
semanas em abril e passou para
49 em maio.
O presidente em exercício da
Força Sindical, João Gonçalves
Dias, o Juruna, disse que a redução do desemprego vai ajudar nas
negociações coletivas deste ano.
"É vantajoso negociar aumento
real e reajustes maiores quando a
pressão pela manutenção do emprego é menor."
A Força decidiu unificar a campanha salarial deste ano com outras duas centrais sindicais -a
CGT (Confederação Geral dos
Trabalhadores) e a SDS (Social
Democracia Sindical)- para aumentar seu poder de negociação
salarial.
"Gostaríamos muito de que essa
fosse uma tendência para os próximos meses. Mas é apenas uma
questão momentânea", disse o
presidente da CUT, João Felício.
Caged
O número de trabalhadores
com carteira assinada aumentou
0,72% em maio na comparação
com o mês anterior. Isso significa
que no período foram gerados
155.813 postos de trabalho formal.
Os dados fazem parte do Caged
(Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados), que é a pesquisa mensal do Ministério do Trabalho sobre o mercado de trabalho formal.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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