|
Próximo Texto | Índice
Mercado Aberto
guilherme.barros@uol.com.br
Polêmica sobre hidrelétrica chega à Espanha
Um representante das comunidades ribeirinhas do rio Madeira conseguiu "furar" a reunião anual do conselho de acionistas do Santander, na Espanha, no fim de semana passado,
para fazer denúncia contra o licenciamento da usina hidrelétrica de Santo Antônio.
O espanhol Santander participa do consórcio vencedor que
construirá as usinas e responde
por 20% do financiamento das
obras, orçadas em US$ 9 bilhões. Na reunião, a RedeBrasil,
ONG presidida por Luis Novoa
Garzon, professor da Universidade Federal de Rondônia, diz
ter conseguido que Emilio Botín, presidente mundial do Santander, montasse uma equipe
para avaliar as denúncias.
Segundo Garzon, no projeto,
o consórcio vencedor subestimou as indenizações e reduziu
o total de famílias afetadas pela
inundação para construção da
barragem de 3.000 para 760.
Marcos Madureira, diretor
de comunicação do Santander
para a América Latina, afirma
que o banco irá apurar as denúncias feitas por Garzon. "O
Santander jamais permitirá
que aconteça algo fora dos parâmetros legais," diz. "O banco
se comprometeu a analisar essas questões."
Garzon também diz que o
consórcio estaria fazendo pressão para que as famílias aceitem as indenizações. "Querem
chegar ao Ibama com os acordos fechados para acelerar a liberação da licença de instalação da usina", diz Garzon. "O
processo de licenciamento ambiental está sub judice e uma
articulação desse tipo poderia
direcionar as investigações."
A participação de Garzon no
encontro anual se deveu a uma
manobra entre acionistas do
Santander que pressionam o
banco a adotar uma posição socioambiental correta. Para isso,
cederam seu direito a voz.
O objetivo é não só forçar o
banco a assinar os Princípios
do Equador (que obrigam instituições financeiras a só liberar
financiamentos a projetos ecologicamente responsáveis) como criar entre os acionistas
uma consciência ambiental.
Essa posição se reforçou com
a compra do ABNAmro Real,
que obedece a padrões da sustentabilidade. Com a aquisição,
ainda não está clara qual será a
política predominante, especialmente no Brasil. Em resposta, o Santander diz ter uma
política socioambiental rígida.
O ABN tornou-se conhecido
por ter uma das políticas mais
rigorosas na concessão de crédito, recusando financiamentos a grupos cujos projetos
apresentam problemas nos licenciamentos ambientais.
Os acionistas espanhóis teriam se surpreendido com as
notícias, segundo Garzon. As
intervenções dos ambientalistas estão na ata da reunião e Botín pediu ao secretário do conselho, Ignacio Benjumea, que
separasse as posições de ONGs
das considerações dos acionistas que levantam polêmicas sobre impactos do projeto.
Crédito a empresa puxa expansão
A evolução do crédito, que
cresce mais para as empresas
do que para os consumidores,
mostra que a economia está
voltada para a expansão do investimento, e não para o avanço do consumo, segundo o Iedi
(Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
O avanço do crédito para as
empresas foi de 32,8% em
maio. Para as famílias, o volume foi de 15,1%, em tendência
de baixa. As indústrias foram
um dos setores mais beneficiados, com alta de 30,9%. "Isso
demonstra que a indústria está
produzindo ou investindo
mais, o que significa maior
oferta na economia", diz Julio
Gomes de Almeida, do Iedi.
A posição do instituto é que
os resultados amenizam a
preocupação com a inflação,
pois o que cresce é o crédito que
amplia a oferta na economia.
CHURRASCO
A declaração de Reinhold
Stephanes (Agricultura) de
que, com a forte demanda
mundial por carne, o país
deve ir devagar com a retomada de vendas à UE desagradou a Roberto Giannetti
da Fonseca, presidente da
Abiec (exportadores de carne). "Não podemos abandonar esse mercado", diz Giannetti. "Tem de ver o que o
exportador quer."
ELETRÔNICO
A família Staub, da Gradiente, estaria, agora, interessada em vender o controle da empresa, segundo o
"Financial Times". A empresa, neste ano, chegou a ter
ações suspensas na Bolsa,
por ameaças de falência.
TORRADO
O restaurante Eça, da H.
Stern, lançou um café com
blend da fazenda Turmalin,
no cerrado mineiro.
NA GAROA
Especializada em serviços financeiros para importação e
exportação, a Falcon abre seu primeiro escritório no Brasil,
em São Paulo. No ano passado, os contratos firmados pela
multinacional no mundo chegaram a US$ 1 bilhão. Com sede
em Londres, a Falcon quer oferecer financiamento tanto a
operações de importação quanto de exportação para empresas brasileiras. Daniel Issa, diretor da Falcon no Brasil, diz
que há muito espaço para esse tipo de operação em comércio exterior no país. "Em um ano, queremos chegar a uma carteira de US$ 100 milhões no país", diz.
INVESTIMENTO
Segundo a Fundação Coge, que reúne empresas públicas e privadas do setor
elétrico, os investimentos
estimados pelas companhias
em geração, transmissão e
distribuição nos próximos
dez anos chegam a R$ 218 bilhões. A previsão é a de que o
consumo passe dos 330
TWh registrados em 2006
para 611 TWh em 2016.
Próximo Texto: Ajuste no Orçamento afeta mais as estatais Índice
|