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Cortes equivalem ao aumento salarial dado ao funcionalismo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ajuste de despesas anunciado ontem corresponde exatamente ao valor do pacote de
aumentos salariais para o funcionalismo público editado há
pouco mais de um mês pelo governo Lula.
Os servidores, cujos sindicatos estão entre as principais bases políticas do PT, receberão
benefícios que somarão R$ 7,6
bilhões em despesas adicionais
neste ano -o equivalente à diferença entre os R$ 8,2 bilhões
em despesas reduzidas e os R$
600 milhões em novas despesas previstas.
Trata-se de uma coincidência reveladora das opções adotadas pelo Palácio do Planalto:
embora os investimentos, em
particular os do PAC, tenham
sido transformados na principal bandeira do segundo mandato do presidente, são as despesas permanentes com pessoal e programas sociais que
permanecem intocáveis e em
crescimento contínuo.
O pacote de reajustes para os
funcionários públicos repetiu o
lançado no ano eleitoral de
2006, quando as despesas com
a folha de pagamento tiveram o
maior crescimento desde o Plano Real. Desta vez, aproveitou-se o crescimento surpreendente da arrecadação federal, apesar da extinção da CPMF.
É graças aos sucessivos recordes da receita tributária e à
incapacidade de executar integralmente os investimentos
previstos que o governo pode se
comprometer com um superávit primário maior neste ano,
mesmo com elevação das principais despesas, com pessoal e
previdência -a alta dos benefícios do Bolsa Família tem impacto orçamentário quase imperceptível.
No ajuste orçamentário de
ontem, por exemplo, foi anunciada a redução de gastos de R$
2,2 bilhões em "créditos extraordinários". Em bom português, são despesas criadas por
medidas provisórias, destinadas a investimentos e que não
puderam ser realizadas desde o
ano passado.
Sem cumprir integralmente
os investimentos previstos, o
governo federal já viabilizou
um superávit primário de
4,23% do PIB nos 12 meses encerrados em abril, considerando União, Estados, municípios
e estatais. É praticamente a
mesma meta anunciada como
novidade ontem.
(GUSTAVO PATU)
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