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Alimentos pressionam preços em junho
Produtos têm aumento de 2,3%; reajustes neste mês também atingiram itens de higiene pessoal e os serviços pessoais
Aumentos fazem BC elevar de 4,6% para 6% a projeção para a inflação anual pelo IPCA; meta é de 4,5%, com margem de dois pontos
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO
Os preços dos alimentos dispararam 2,3% neste mês e fizeram o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15),
espécie de prévia do índice usado pelo governo federal como
meta de inflação, chegar a
0,90% no mês -bem acima do
0,56% registrado em maio.
De janeiro a junho, os alimentos subiram 8,62% e levaram o IPCA-15 a 3,67%, contra
2,18% no primeiro semestre de
2007. Nos últimos 12 meses, a
alta é de 5,89% -acompanhando a tendência inflacionária
mundial provocada pela elevação dos preços dos alimentos e
pela escalada do barril de petróleo.
Essa pressão fez ontem o
Banco Central elevar de 4,6%
para 6% a projeção para a inflação anual medida pelo IPCA. A
meta é de 4,5%, com margem
de tolerância de dois pontos
percentuais para cima e para
baixo.
Além dos alimentos, os especialistas observam que a pressão dos reajustes começa a
atingir outros setores.
"O que me surpreendeu foram as altas de higiene pessoal
e serviços pessoais [1,26% e
1,24%, respectivamente]. Isso
mostra que estamos sob efeito
duplo: aumento de custos no
plano internacional e demanda
interna aquecida", diz Jian Barbosa, economista da consultoria Tendências.
Os produtos não-alimentícios subiram 0,5% neste mês,
contra 0,36% no mês anterior.
As maiores altas foram registradas nos itens serviços bancários (3,47%), gás de botijão
(1,49%) e artigos de higiene
pessoal. No primeiro semestre,
a alta desse grupo de preços
-que inclui transportes, roupas e educação, entre outros-
chegou a 2,31%.
"O índice veio assustador,
ninguém imaginava que viesse
tão forte. E ainda esperamos alguma pressão sobre os alimentos nos próximos meses. É o caso da carne e do trigo, que refletem aqui o aumento de preços
que ocorre no exterior. Com isso, já não descartaria que a inflação superasse o teto da meta
no fim do ano [que é de 6,5%,
pelo IPCA]", disse Sérgio Valle,
economista da consultoria MB
Associados.
Arroz em alta
O aumento dos preços dos
alimentos foi generalizado neste mês: o arroz subiu 17%; batata, 16,7%; tomate, 8,60%; macarrão, 4,89%; e pão francês,
3,43%.
A refeição consumida fora do
domicílio teve reajustes médios de 1,55% no mês e de 7,41%
no primeiro semestre. Foi a
maior contribuição individual
para a elevação do IPCA-15 nos
primeiros seis meses do ano,
representando 0,28 ponto percentual do índice de 3,67%.
Em seguida, veio o pãozinho
francês: alta de 21% no primeiro semestre e contribuição de
0,23 ponto percentual na taxa.
Com isso, o grupo alimentação
e bebidas, com 1,87 ponto, foi o
responsável por cerca de metade da inflação registrada pelo
IPCA-15 no semestre.
O que preocupa os analistas é
que, em maio, os alimentos já
haviam pressionado bastante o
IPCA-15, com alta de 1,26%.
Mas, neste mês, o impacto foi
ainda maior: só o aumento de
5,35% do item carnes representou 0,11 ponto do índice.
E essa pressão deve continuar, segundo Barbosa. "O ritmo de aumento do preço do boi
começou a aumentar, aqui e lá
fora, por causa do crescimento
da demanda. E a oferta deve
permanecer restrita."
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