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Indústria maior cresce ainda mais
Em 2006, empresas com mais funcionários concentravam 60% da produção, diz IBGE
Dez anos antes, essa participação era de 48,7%; domínio pertence a 764 companhias, apenas 0,5% de um total de 155 mil
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Megaindústrias com mais de
mil empregados ganharam força. O peso delas no valor da
transformação industrial (espécie de PIB do setor) subiu de
48,7% em 1996 para 60% em
2006, segundo a Pesquisa
Anual Industrial do IBGE. Em
2000, o percentual era 53,8%.
Em 2006, esse grupo contava
só com 764 companhias -0,5%
do total de 155 mil indústrias.
No emprego, a participação delas também avançou -de
29,4% em 1996 para 27,2% em
2000 e 31,9% em 2006.
Segundo Isabella Nunes, gerente da pesquisa do IBGE, as
grandes empresas passaram
por forte reestruturação nos
anos 90, reduzindo custos e
cortando empregos. Aumentaram a produtividade num ritmo mais acelerado e tomaram
espaço das firmas de menor
porte. No período de 1996 a
2000, o emprego nas companhias maiores caiu 4,2%. De
2000 a 2006, subiu 48,9%.
"As empresas maiores se beneficiaram mais da maior estabilidade da economia a partir
de 2000, com juros em queda e
inflação sob controle. Elas ganharam mais capacidade para
investir e, por serem mais abertas ao exterior, aproveitaram
mais o crescimento das exportações", disse Nunes.
No setor de refino de petróleo e produção de álcool, as
companhias com mais de mil
empregados representavam,
em 2006, 95,4% do valor da
transformação industrial -a
diferença entre o valor bruto da
produção e os custos. No de fumo, o percentual era de 89,8%.
Pelos critérios do IBGE, também são consideradas grandes
empresas aquelas com mais de
250 funcionários. Nesse grupo
mais amplo, estavam 2,2% do
total de companhias. Esse contingente produzia 78,9% do valor de transformação do setor
em 2006 e empregava 50% da
força de trabalho da indústria
-de 6,8 milhões de pessoas.
Em 2006, o "PIB industrial"
(valor da transformação) chegou a R$ 555 bilhões. O faturamento somou R$ 1,3 trilhão, segundo o IBGE.
Menos salário
As megaindústrias com mais
de mil funcionários também
pagavam mais: 5,7 salários mínimos (R$ 2.366, em valores de
2008), acima da remuneração
média de todo o setor industrial -4 salários (R$ 1.660).
Pelos dados, fica clara uma
aparente contradição: os ramos
que mais geram postos de trabalho são, em geral, os que pior
remuneram seus empregados.
As indústrias de alimentos e
bebidas e a de vestuário lideravam a participação no emprego
-21% e 7,7%, respectivamente.
Estavam entre as que pagavam
os piores salários -2,9 e 1,7 mínimo, respectivamente.
Segundo Silvio Sales, coordenador de Indústria do IBGE, as
atividades que empregam mais
utilizam processos produtivos
mais tradicionais e menos inovadores. Por isso, demandam
mais mão-de-obra.
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