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BC dos EUA encerra ciclo de cortes na taxa de juros
Número é mantido em 2% após 7 reduções seguidas; cresce preocupação com inflação
Apesar de a preocupação com a alta da inflação ter se ampliado, Fed não indica se pretende aumentar juros na próxima reunião, em agosto
DA REDAÇÃO
O Fed (Federal Reserve, o
banco central norte-americano) manteve em 2% a taxa de
juros básica dos Estados Unidos, como já era esperado, encerrando o ciclo de cortes iniciado em setembro do ano passado. No documento divulgado
após a reunião, a entidade aumentou os alertas sobre a inflação, mas não sinalizou se poderá voltar a subir os juros já no
próximo encontro, em agosto.
Após sete reduções consecutivas, o Fed suspendeu um ciclo
que começou no início da crise
das hipotecas "subprime" (para
pessoas com histórico ruim de
pagamento) e levou a taxa de
juros ao seu menor nível desde
novembro de 2004. Um dos
motivos dos cortes foi tornar o
dinheiro mais barato para os
consumidores (assustados com
a turbulência nos mercados financeiros), tentando impedir
que a principal economia mundial entrasse em recessão.
Um dos efeitos dos cortes nos
juros, no entanto, foi a desvalorização do dólar, que hoje é vista como uma das razões para o
aumento na cotação do petróleo. Os preços de energia são
uma das grandes preocupações
do BC dos Estados Unidos.
Uma das novidades do documento de ontem em relação ao
do encontro do final de abril é a
maior ênfase na inflação. O Fed
diz esperar agora que a "inflação se modere no final deste
ano e no próximo ano" -antes,
ele falava que isso deveria acontecer nos "próximos trimestres". A nota de ontem diz ainda
que aumentaram os riscos e as
expectativas de inflação, mas
que diminuíram os riscos para
a diminuição do crescimento.
Esse trecho não constava no
documento de abril.
O CPI (índice de preços ao
consumidor americano) teve
aumento de 0,6% em maio. Se
forem descontados os custos
dos setores de alimentos e
energia, itens considerados
mais voláteis, o indicador teve
alta de 0,2% no mês passado, sinalizando que esses aumentos,
especialmente o dos combustíveis, ainda não se espalhou para
o resto da economia dos EUA.
Apesar do aumento nas preocupações com a inflação, o documento não sinaliza se o Fed
pretende aumentar a taxa de
juros na próxima reunião. A decisão de ontem foi aprovada
por 9 dos 10 dirigentes -apenas Richard Fisher votou a favor de um aumento. Na reunião
de abril, quando o BC dos EUA
reduziu os juros de 2,25% para
2%, Fisher e um outro colega,
Charles Plosser, votaram pela
manutenção da taxa.
Crescimento
O preço de energia também é
citado no documento como um
dos fatores que que devem ter
impacto negativo no crescimento da economia nos próximos trimestres, ao lado do
aperto no crédito e da contração no setor imobiliário (que já
apareciam na nota de abril). O
mercado financeiro, de acordo
com o Fed, "continua sob estresse considerável", mas já
não deve "pesar" na expansão
econômica.
Um dos pontos positivos da
nota é que o banco central dos
Estados Unidos fala que os dados sinalizam que a atividade
econômica deixou de estar fraca e agora "continua a se expandir". O crescimento "reflete
parcialmente alguma solidez"
nos gastos das famílias. Os gastos dos consumidores representam cerca de 70% do PIB
norte-americano.
O crescimento econômico e o
controle da inflação são as duas
principais tarefas do Fed. No
primeiro trimestre do ano, o
PIB dos Estados Unidos se expandiu em 0,9% na taxa anualizada (0,3 ponto percentual a
mais que no quarto trimestre
do ano passado), superando a
expectativa de analistas. Os dados finais do PIB norte-americano de janeiro a março serão
divulgados hoje.
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